quarta-feira, 20 de abril de 2011

Correção

Menos de um ano, ele espera, e é fácil, fácil julgar, fácil idealizar, sentar-se e esperar. Fácil demais observar e conceituar si mesmo sobre tudo. Há tempos ele quer fugir das relações que não são nada mais que falsas projeções.

Fugir não, encontrar-se. É preciso tentar ser o máximo que você possa ser. Eu não sei quando é o fim. Ele ainda está aqui. Somos todos partes de todos.

Não espere que eu me deleite ao seu lado. Já não obedeço a nada mais.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Há lá de cá

Estranho garoto esse que ninguém consegue ouvir a voz. Talvez ele tenha problemas sérios, ela disse, mas o resto das pessoas já sabiam que nada mais havia dentro daqueles profundos olhos cinzentos. A sua mochila era pesada e cheirava, cheirava a todas as suas experiências até ali, tinha atravessado a si mesmo durante noites a fio, estava agora a beira do rio negro que grudava suas juntas.

Cheio de promessas e lembranças ele simplesmente não era mais a peça que costumava ser, mais uma noite e pode ser que não se lembrem mais dele. Ele se chamava por um nome que ninguém pudesse achar que estava escrevendo sua própria história. Ele os odiava, mas precisava do ódio pra sentir-se vivo. Ele não tinha coragem.

Que estranho garoto aquele ali sentado, parado, mudo, quieto, os olhos não negam, ele já se foi há muito tempo.

sábado, 16 de abril de 2011

Soltar todas as amarras

E é à mim que você recorre agora? Agora que você acha que eu ainda estou aqui? Sou eu que devo ir ou não? Não sinto nenhuma árvore ao meu redor. As substâncias que queimaram não serviram de conforto. É agora? Eu deveria mesmo tentar entender tudo isso, ou simplesmente ignorar? Guie-me.

Eu volto quando tudo estiver pronto, não se preocupe, o que você acha que é fim, pode não sê-lo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mais uma moldura, menos um quadro

Mais alguém com uma desculpa qualquer, que vai fingir vir aqui, fingir entender e depois vai sair. Vai inspirar o meu pulmão, mas quando expirar vai me derrubar no chão sem ar. Mais uma vez a verdade me escapa. Eu sonho o dia em que vou ouvir de verdade o que vocês pensam.

Queria muito não ter deveres antes mesmo de eu ter nascido. Obrigado, volto a ser uma aberração.



Seus pensamentos começam a sangrar.

domingo, 10 de abril de 2011

Olhos quietos, calma aparente, sorriso de cabeça baixa

Se você já previu o que vai acontecer amanhã, então a notícia não é boa. Sei que o que a gente quer é só prazer, mas a dor persegue ao passo que o prazer foge. Veja só você como é estranho não ver sentido em absolutamente nada. Veja só como é fácil uma semana se passar e tudo que deveria ser concreto, virar abstrato. Não existem valores.

Acordei e procurei sentir a diferença do dia de hoje. Seria bom voltar a ser centro do universo, eu pensei, abri a porta e vi que eu estava ali. Mas por que então eu não senti diferença? É uma dessas coisas que não adianta você fugir no espaço nem no tempo, está tudo dentro de você mesmo. E eu procurei você por todos os meus cantos, infelizmente eu não encontrei, não onde eu deveria ter encontrado. Eu procurei todos vocês e percebi que não deveria fazer isso.

Tentei dormir de novo, mas meu corpo me falava o que minha mente não queria ouvir. Eu nunca mais vou te ver. Coisas que eu deveria ter feito, coisas que eu não deveria ter feito.