quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ok então

Será que não existe aí um remédio que me faça reduzir as expectativas? Ou pelo menos neutralizá-las? Detê-las? Porque acho que elas parecem uma doença que crescem lentamente dentro de você sempre querendo mais, nunca satisfeita. Não sei bem ao certo do que tenho falado nos últimos dias, mas sei bem ao certo que esperar é tão frustrante. Vou preencher as minhas próximas horas com as coisas que eu menos quis assim. O que eu posso de fato fazer?

Existem poucas formas de enxergar as coisas e normalmente escolhemos as que nos parecem melhores, o problema é que elas apenas parecem assim, normalmente tendemos a nos decepcionar e dobrar no próximo beco com a cabeça baixa. Eu ergo então minha cabeça e sinto pingo por pingo cair no meu rosto, mas não está chovendo lá fora, apenas dentro de mim, apenas aqui na minha cabeça.


"Eu estou OK, eu estou bem
Eu estava fora tarde noite passada
Mundo vazio, mundo vazio
Eu vou esperar mais uma noite"

Tô cansado, e já faz tempo. Não sei se procuro pelo fim ou só por um recomeço. Quero estar um pouco mais absorto. Quero jogar fora todas as velhas letras, quero reconstruir tudo mais uma vez, mas é difícil. Você bem que podia me jogar contra a parede, me sacudir de vez pra ver se cai tudo que está aqui preso dentro de mim, como um livro velho que esconde aquela sua folha de papel preciosa e você o sacode até ele ceder. A idade já deixou há tempos de ser minha companheira. Aliás a companhia há tempos já não sei o que é.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Uma de tardezinha

Chaves concatenadas de acontecimentos ordenados. Assim você me atinge vez em quando, quando em vez, sem aviso prévio, sem alarme, sem surpresa, sem chance de reação, sem noção, sem voz que não saia do coração. Parado eu fico e não sei bem como agir, mas de alguma forma deixo a sua voz me preencher por alguns instantes, é como controlar o limite da droga até que ela não te vicie. Ouço uma música serena, calma, pra não exaltar os ânimos, solto a fumaça do meu pulmão, sigo a sua graça, vejo se na minha mente te busco sem condições de tempo e espaço. Eu te recrio, reinvento, nos reinvento.

Veja só você o porquê de aqui eu falar, não ter pra onde colocar minha cabeça, ou por onde assim te dizer o que você deve saber. Junto os sons das palavras numa melodia barata, simples, sincera e honesta, desafiando os silogismos que construo pra tentar entender porque é que você acalma tão bem a onda que corrói meu coração. É verdade, já não sei bem onde eu estou, e nem mesmo pra onde vou, não me importo, nem ligo, sigo, quieto, sem pensar demais em amanhã, porque de hoje o sofrimento já basta. Sigo teu rastro.


"E eu me pergunto o que é que eu sou.
Vai ver eu não sou mesmo nada
Eu penso tanto em desistir
Mas afinal, não ganhei nada."


Ok, sei que já é suficiente, dessas linhas você já cansou faz tempo, aqui você não vista e disso nem fez questão desde sempre. Ficar aqui eu vou, a esperar notícias tuas, com meu livro em branco, minhas últimas páginas de verdade que você escreveu. Mas se caso lesse meu pergaminho sentimental saberia que não preciso de nada afinal, porque o que preciso realmente eu não tenho ideia, só busco o que me sacia, e deixemos essa discussão de lado, deixa eu ver esses seus olhos mais de perto, deixa eu sentir se você tá realmente perto ou se amanhã quando eu acordar meu quarto pequeno gigante vazio vai ceder o piso e me tragar pro inferno.

sábado, 12 de novembro de 2011

Ainda?

Não sei bem onde se perdeu, mas o ânimo não está por aqui. Acho que deveriam já ter criado uma máquina de razões, algo que te desse razões pra fazer alguma coisa, que te poupasse de pensar por si mesmo os motivos de estar fazendo determinada coisa. Eu perdi um tempo que não deveria ter perdido, perdi uma coisa que não existe, pois a gente sabe que o tempo só existe porque nós queremos, enfim. Perdi por algum motivo que eu não consigo agora externar. Tudo que você fez até hoje te fez vir parar exatamente aqui. Tô mergulhando de novo naquele terreno onde me ganham fácil, não tá ok. Suponho que se eu fosse um otimista positivista você se interessaria mais?

Por que você vive? Come? Anda? Banha? Por que? Não, não é porque é assim. Sei que tá tudo muito chato, igual, copiado, medíocre. Façamos assim. Esqueçamos e deixemos de lado.



. . .

domingo, 6 de novembro de 2011

Dormir

Senti meu rosto hoje como se estivesse derretendo, demonstrando todas as minhas sensações. Bem, você demorou a chegar, mas acho que tinha seus motivos, pois hoje você me forçou demais. Melhor dizendo, você estava quieta, mesmo tendo chegado, hoje alarmou tudo, mostrou de onde vem e porque é assim. Ah, tristeza, por que você judia tanto de mim assim? Eu preciso urgente construir uma casca mais forte e resistente que não deixe que as coisas me afetarem tanto. Eu vejo pessoas ao meu redor e elas parecem não se importar com o que na maioria das vezes eu estou remoendo em pensamentos. Vejo as pessoas e elas sorriem exageradamente, não digo que elas estão sempre felizes, claro que não, mas os seus juízos parecem bem mais em paz que o meu.

É uma coisa realmente muito frustrante você dirigir por ruas desertas e sempre estacionar no mesmo lugar. Na verdade, não sei o que eu posso fazer agora, não sei se você consegue me ver como eu consigo me ver, porque eu olho pro relógio e acho que nem mesmo ele quer se preocupar em me dar mais uns minutos de remoção. Tenho que me preocupar com coisas que exageradamente eu não queria me preocupar. Tenho feito minha caneta rabiscar, tenho tentado me esvaziar de tantos demônios, parece um tanto difícil. Desculpas se eu escrevo mais um texto deprimido, pessimista, egocêntrico, inútil e descartável, mas é que é o máximo que eu tenho de companhia em muitos momentos. Se eu desistisse logo de tudo de uma vez? Acho que ouvi uma vez alguém dizer que a vida é 90% dor e 10% prazer, e nós sabemos disso e temos certeza disso, não é? Então por que diabos eu deveria estar escrevendo sobre como eu vou conseguir algo?


"Essas coisas que ele sabe
Enquanto ele te leva através dos sorrisos, das carícias, dos sopros na neve
Ver ele ir embora é como cair na imensidão da noite
O inevitável chega para te empurrar
Qualquer outra voz faz um som tão pertubador
Ele se tornou o assassino do riso
Pouco depois de te mostrar o que era sorrir"

Eu preciso demasiadamente dormir, pra poder parar de pensar, de imaginar tudo em que você está. Preciso fugir, fugir, fugir, correr, correr, correr, como eu faço sempre, me esconder, esconder, esconder, embaixo de algum lugar que não deixe essa chuva me levar, se não vai ser tarde demais. Um dia eu vou poder parar de correr? Se eu ficar e perder a luta, pelo menos tudo isso acaba? Sinto muito mais uma vez, eu não queria que você sentisse pena, porque acho que ninguém precisa de pena. Como desde sempre eu não consigo saber porque não consigo imitar todos vocês, o que há de errado comigo? Você tem alguma resposta? Eu deixei de escrever tantas frases agora que provavelmente nunca as falarei ou escreverei e está tudo aqui na minha cabeça. Ainda vai levar um tempo pra que eu acorde. Se acordar.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O mapa está errado

Eu vi sua face hoje. Claro, no rosto de alguém, não no seu. Eu sei, é complicado. Ela me incomodou. Você provavelmente sorriria de mim e dessa comparação tão boba, mas inevitável. Vocês também viram isso? Quero dizer, vocês conseguem ver faces por onde quer que olhem? Acho que consigo com uma certa facilidade e talvez essa facilidade seja prejudicial quando uma face te lembra tantas coisas ou quem sabe te faz pensar em tanta coisa que pode ser que não seja memória, mas que você provavelmente queria que elas fossem. Aliás, se você fosse capaz de controlar as construções das suas memórias, você as faria todas boas? Ou todas ruins? Ou equilibradas? Ou tendenciosas? Eu não sei, é possível que não existam memórias boas ou ruins, apenas coisas que você quer ou não esquecer.

A face que eu vi era a sua face triste, que olhava pro chão e escondia os olhos de mim. Era aquela que eu tinha que afastar os obstáculos pra poder olhar melhor, era a face que te faz pensar que algo está longe ou não está ali ou aqui. Agora mesmo as minhas linhas deveriam estar direcionadas para outro lugar, infelizmente não é lá que eu quero estar, e nunca quis, mas tive que que estar e ainda terei que estar. Eu queria tanto passar mais tempo nessa praia chuvosa que é o meu quarto escuro. Eu posso ver a luz dos postes por entre as minhas grades, atravessarem as minhas paredes, nada romântico, mas real, eu sei. Aqui eu posso fechar os olhos e contornar meus pensamentos com as coisas mais inúteis possíveis, tais como imaginar a gota de chuva que se esconde nos seus cabelos.


"Não vá, você só vai querer voltar"

Você já reparou a quantidade de problemas que você adquire com o passar dos anos? O quanto seus pais estão ficando tão próximos de vocês? Eu sinto que nós humanos temos uma espécie de caminho único que todos seguem inevitavelmente, uma espécie de estrada em direção a algo, que nos puxa, e parece que eu estou sempre tentando fugir dele, pegando desvios, mas que as vezes se mostram atalhos pra onde todos estão indo. Eu tento fugir mais uma vez, mas em vão. Eu deveria fugir? Por que você não desse do seu castelo e me mostra onde eu devo ir? Por que você não... não apaga os nossos nomes, rabisca nossas faces e nos cria em alguma história bonita dos anos 80? Por que nós não estamos agora sujos e suados num quarto quente? Por que eu sinto que não está nada certo? Afinal de contas o que há de errado? Ok. Você cansou, tudo bem. Mas, hm, não desista assim fácil, tenho tanto a falar, ou melhor, a escrever... Leia. Sinta. Tente me dizer onde foi parar o seu mapa.