sábado, 31 de dezembro de 2011

Talvez esteja adiando demais o fim

Algum dos seus órgãos dói a ponto de danificar sua expressão? Mas não fisicamente, se é que você consegue me entender. Dói a ponto da sua garganta não mais funcionar? E os espinhos de gelo te cortam com todo o frio da solidão enquanto você assiste tudo silenciosamente? O que então fazer? Nada pra me falar? Nada novo outra vez? Bem, estive pensando e quase sucumbi aos pensamentos. Não dá pra controlar tudo, não é mesmo? Então porque você não se aproxima e conversa comigo? Me pergunte algumas questões interessantes, me faça parar de pensar.


Perdão destino.

Ouvi dizer que somos movidos a dor ou prazer. Fugimos da dor em busca do prazer. Será se eu poderia reduzir tudo a uma simples equação? 3 dor - 2 prazer = 1 dor? Em que ponto as coisas caminharam até esse estágio? Quisera eu poder escrever novas conclusões, mas sendo sincero acho que só preciso de espaço pra deixar todas as frases que me doem aqui escondidas, calmas, descansando. Talvez eu devesse largar essa cruz, ela já me dói demais. Ah que dor.

Bem, não sei exatamente o que vai acontecer amanhã quando abrir meus olhos. Dei duro tantas vezes pra que as coisas fossem diferente. Sei que pareço distante, zangado, sumido, calado, maduro, sei disso por tanto ouvir. Entretanto eu não sou nada disso e é tão difícil fazer alguém acreditar nisso. Queria tanto poder despir minha armadura. Imaginar que enquanto escrevo tantas outras pessoas estão a exatamente essa hora inundadas do que elas procuram. Porcaria, sou só mais um panfleto enjoativo que você pegou na rua leu, amassou e agora enfrenta a chuva nessa lata de lixo. A poucos passos de esse papel se desmanchar para sempre.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Se é que há alguém nesse imenso universo que nunca se comunicou consigo mesmo que leia até a última palavra

E se eu pudesse ter um superpoder porque não escolheria poder parar o tempo? Definitivamente eu faria isso. Pararia agora mesmo o tempo e faria tudo aquilo que eu quisesse. Não teria mais que me preocupar em perder o brilho que perdi em tantas coisas que deixei passar. Eu pararia o tempo agora mesmo. Caminharia pela noite fria, deserta, sem medo andaria. Se eu pudesse assistiria todas as cenas em que agora só estão na minha cabeça. Todas suas salas de jantar. Suas tvs ligadas e computadores conectados. Assistiria sua atenção. Desenharia seus detalhes. Eu escolheria exatamente quando o tempo deveria passar ou não.

Controlaria as horas e os minutos. Tentaria não perdê-los. O que faz especial um momento? Nunca mais dividi minhas camisas. Minhas ironias não são tão usadas agora. Meus planos falharam e continuam a falhar. Pararia o nosso tempo, escolheria o brilho dos olhos que eu nunca vou querer deixar de enxergar. Não me preocuparia tanto. Nós pararíamos todas nossas obrigações, nós não seríamos nada além do agora. Sei que minhas linhas são tristes e depressivas, mas andei pensando quanto a isso e não sei se é realmente um problema, certo? Talvez se pararmos e pensarmos a tristeza acaba sendo mais importante que a alegria.


Assistindo a uma tv de tela grande

Meu tempo se vai agora, ali, aqui, ontem, hoje, amanhã e sempre. Não percebemos, mas o tempo é algo realmente importante. É, ele te devora. Eu sei que tantos outros já te disseram isso, e que você não se importa de mais uma vez abrir a porta para eles, porém eu não consigo entender o porquê. É realmente isso só uma fase? Qual o objetivo de tudo já que passamos apenas por fases? Continuo esperando as linhas se preencherem com o que você tem de melhor. Eu grito. Em vão. Ninguém ouve. Espero ter ajudado alguém. Espero que alguém tenha parado e pensado. Espero. Espero muito. Muitos não percebem mas o que fazem afetam tanto os outros. Pudera eu parar o tempo e ir até onde eu pudesse descansar minha alma. Um banco. Um anoitecer. Um sol triste. Uma água que repete um caminho e nada além do som da natureza.

sábado, 24 de dezembro de 2011

O que há agora no seu lado?

Parafraseando alguém, eu não sei se amadureci, mas certamente envelheci. Revejo algumas pessoas e elas parecem tão velhas, parecem tão conformadas e uniformes. Como se tivessem desistido de tudo que um dia transparecia e seguido pelo caminho mais fácil. Me desespero, porque não sei se não estou no mesmo caminho. É péssimo se sentir só. Acho que meu idealismo me leva longe demais, no sentido de exageros. Não me leve a mal, eu não forço nada, apenas tento levar as coisas como acho que devam ser. Sem ação ao ver velhos companheiros do passado. Meus fantasmas me assustam. É realmente difícil enfrentar o ninho do qual você tanto correu.

Eles não mentiram quando disseram que eu veria sua face tantas outras vezes em tantas outras pessoas. A quem se acudir? Não tenho direito de reclamar da solidão e muito menos de nada porque sei que de todos eu sou o mais culpado. Eu poderia me deixar levar, mas me assusta a chance de ter que atravessar esse rio de falsidades mais uma vez e assim me sento nesse velho banco enquanto assisto o tempo passar. Pra onde nós vamos? É, bem, não se isso vai importar.


Talvez haja um Deus lá em cima
Mas tudo que eu já aprendi sobre o amor
Era como atirar em alguém que desarmou você
E não é um choro que você pode ouvir de noite
Não é alguém que viu a luz
É um frio e sofrido Aleluia


Meus dias estão passando, meus natais estão passando e eu não tenho nada pra falar, a não ser um monte de inconformidades, reclamações, observações inúteis que não chegarão ao ouvido de ninguém. O que mais a gente pode fazer? Tô cansado de segurar essa espada, armadura, escudo tão pesados. Não sei até quando nós vamos continuar assim. Como eu queria atravessar esse túnel escuro e frio com a certeza que veria seu sorriso no final. Como eu sonho com a verdade. Como eu queria a verdade. Como eu me frustro tão fácil. Já chega, não é mesmo? Tudo bem. Tudo bem. Tudo bem. É tudo que eu vou poder dizer.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A prisão do óbvio

O que você me pede é demais. Sinto muito não poder te atender. Sinto muito não ser como eu quero, ou sinto muito querer tudo apenas da minha maneira, mas verdade seja dita, a maneira que eu exigi não é nada além de um pouco mais de amanhã. Achei eu, inocente, que poderia jogar esse novo jogo, porém, ainda vivo sob as velhas regras. O seu jogo é difícil, complicado, complexo, dinâmico demais, muda tanto. Eu tenho um coração cansado demais. Eu não saberia o que fazer na próxima manhã que precisasse dos teus sons e não os ouvisse mais ou tivesse que imaginá-los ecoando por outras tantas orelhas sedentas a fora.

O que eu te pedi foi demais? Provavelmente, se nós encararmos que você não pareceu a disposição de se esforçar. Você me pergunta as perguntas das respostas mais óbvias possíveis que qualquer um enxergaria em poucas palavras. A solidão tem sido conselheira. Algumas vezes tento me focar apenas nessa vez, mas eu sou assim, vou querer ver seu encanto mais uma vez e mais uma e o máximo que você me dará será a sua sombra. Eu nunca tomei uma decisão tal como essa e pra tomá-la tenho que todos os dias acordar e me convencer de que o que eu faço é pro melhor ou é o certo, afinal não é o que parece. Você, sem nenhum motivo, me desmonta e me monta como quer.


Todo dia cometo os mesmos erros
uma vez mais me encontro no mesmo velho lugar
estou vagueando pensando onde virar
não há saída na frente
leve-me pra casa

Me diga você sabiamente o que eu deveria fazer? Eu posso prever sua resposta. Entretanto, meu perdão, é uma resposta egoísta. De qualquer forma, não deveríamos fazer tudo que quisermos? Que temos vontade? Que dúvida lacerante. Poderia resolver ou estragar tudo com simples cliques em botões, que realidade medíocre. Me diga você que conexão é essa que nós entramos? Em que universo nascemos? Em que era nos criamos? O que houve conosco? O que houve comigo? O seu grande problema é que ainda enxerga tão perto. Essa areia sob seus pés é tão importante quanto esse mar gigante que te seduz. E eu, sem notoriedade alguma, sou apenas um grão de areia abaixo dos seus pés. O óbvio acontece.

E você disse não haver nada que não poderia fazer
e eu respondi que não há nada nesse mundo que eu precise que você faça
somente me segure em seus braços
eu sinto frio
há uma reunião de nuvens escuras
leve-me pra casa

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tape os ouvidos

Frases feitas e jogadas em um grande barril de lixo dos anos 70. Não há estilo algum que te salve. Nem penteado. Não, nem as frases prontas que você roubou daquele velho seriado. Não há piada. Não há bebida ou fantasia provável. Não há personalidade, história, coincidência ou destino que te salve. Você se perdeu. Se deu conta. Ou perdeu a própria conta da solidão e está aqui agora perdido no que eles chamam de "a melhor época da nossa vida".

Será se paguei as entradas erradas? Se comprei as mais baratas? O meu tempo é mais curto? Eu não tenho altura suficiente? Esse parque foi abandonado? A energia acabou? Será se deu realmente tudo errado? Por que não consigo encontrar uma face sequer presa nesse grande e sufocante ambiente? Consigo apenas ouvir a solidão cochichar certezas inefáveis que me perturbam por vários instantes. Alguém aí sabe o que está errado?


Eu vejo pela minha janela tudo que eu não consigo entender. Se eu ao menos pudesse enxergar dentro de ti. Se nós não usássemos palavras.

Você já esticou os braços pra apertar a ajuda e apenas encontrou o vento? Você já tentou fechar os olhos e sentir algo além do som do ambiente? Você já sentiu a melancolia desse céu azul escuro olhando na sua direção? Sentiu o ar esfriando enquanto as árvores parecem bailar com o vento? Já esmagou todas suas lembranças e as ferveu até não sobrar sumo algum? O que foi que você fez afinal de contas? Que histórias você pode me contar? Me diz, por favor. O certo é que no mínimo uma companhia não deve lhe faltar desde o dia da sua existência. Corra da solidão. Encontre a porta. Me leve com você. Não me escute.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Tudo mudou

Vou tentar falar de outras coisas, tá ok? Vou tentar me calar e ouvir, tá ok? Vou tentar sentar e fingir prestar atenção no que eles dizem, tá ok? Vou tentar, eu vou tentar e tentar e você não vai saber e nem de longe vai pode sonhar sobre isso. Modularei tudo que está aqui dentro de mim pra ver se consigo satisfazer o que você procura, porque parece tanto que é disso que eu preciso, sua satisfação.

É, tá bom, eu sei, é um tanto complexo tentar agradar tanto. O segredo, entretanto, eu acredito, não é agradar, mas pelo menos demonstrar que foi essa a intenção. O melhor agrado é a intenção. Ando vendo meus cabelos caindo, meu corpo se perdendo em pequenos pontos e de certa forma isso é apavorante. Por que motivos é que nós envelhecemos? Eu deveria aceitar como um fardo da nossa biologia e caminhar, mas não dá pra simplesmente acreditar que o futuro é melhor se tudo o que eu faço é olhar pra trás. O futuro só me dá medo.


"Como uma árvore cortada"

Eu envelheci demais tentando te agradar? Ou pra justamente te agradar eu tive que envelhecer? Não sei onde foi parar a minha cabeça há anos. Mas sinto que tenho tomado cada vez mais esse líquido precioso que vocês gostam de chamar de consciência. E ele faz mal. Bem que não sei aonde quero ancorar, verdade é que prefiro não ancorar deixa o vento levar esse barco velho, quem sabe o desabe, desmonte e nós nos perdemos num dia quente ensolarado e salgado qualquer.

Não quero que sejamos nada além de nós mesmos. Não quero que você me conte nada além do que realmente mora dentro de você. Não quero que você mude. Eu não quero conhecer sua outra forma. Não quero que nada mude. Sinto muito. Tudo mudou. De novo e de novo e mais uma vez. Oh não.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O problema é seu

Vi sua face hoje e, deus, como eu queria não ter visto. Me trouxe tudo o que eu guardo aqui nessa gaveta bem arrumadinha, trancada que ninguém deve abrir. A gente se conforma tão fácil não é? Anos atrás você queria mudar o mundo e hoje em dia você tenta mudar a si mesmo e sabe, ou pelo menos acredita, que isso já é impossível, o que dizer do mundo? Costumava acreditar tanto no amor, ainda acredito, mas infelizmente eu vi que as pessoas o usam tão mal, vi que usamos tão mal. No mais, é certo que ele ainda pode ser força a mover montanhas.

Acho que no fim das contas ainda quero mudar o mundo, mas parece difícil pensar no mundo quando não param de surgir tantas incertezas subjetivas. Nós devemos fazer tantas revoluções. Eles criaram os monstros que nos dominam sutilmente enquanto nos prendemos cada vez mais às nossas cadeiras e aos nosso quartos. Você foi como aquele ideal que sabemos, é utópica, mas que também sabemos que se deve acreditar, perseguir, tentar alcançar. Você me mostrou sua utopia, me fiz acreditar, me pedi para tentar alcançar, mas o seu idealismo é tão falho que me falhou.


"Querida, sera que eu nao posso estar errado?"

Não quero culpar a ninguém. Chega de culpas. Nós todos somos culpados e ponto final. Ver sua face é como colocar a mão sobre o fogo, quanto mais tempo meus olhos permaneciam sobre você mais eu ia me destruindo por dentro, como a mão que queima progressivamente sobre o fogo. Talvez seja esse o motivo de eu acender tão pouco essa fogueira, ou melhor, de eu tê-la apagado. Deixe de ler as entrelinhas, de procurar coisas onde não existem, por que tudo tem que ser assim tão difícil? Mais cedo ou mais tarde você irá se tornar como eles todos. Na verdade, acho que essa é minha torcida, pra que assim eu me reconforte e não acredite que o problema era comigo, mas com eles, como sempre o foi.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ok então

Será que não existe aí um remédio que me faça reduzir as expectativas? Ou pelo menos neutralizá-las? Detê-las? Porque acho que elas parecem uma doença que crescem lentamente dentro de você sempre querendo mais, nunca satisfeita. Não sei bem ao certo do que tenho falado nos últimos dias, mas sei bem ao certo que esperar é tão frustrante. Vou preencher as minhas próximas horas com as coisas que eu menos quis assim. O que eu posso de fato fazer?

Existem poucas formas de enxergar as coisas e normalmente escolhemos as que nos parecem melhores, o problema é que elas apenas parecem assim, normalmente tendemos a nos decepcionar e dobrar no próximo beco com a cabeça baixa. Eu ergo então minha cabeça e sinto pingo por pingo cair no meu rosto, mas não está chovendo lá fora, apenas dentro de mim, apenas aqui na minha cabeça.


"Eu estou OK, eu estou bem
Eu estava fora tarde noite passada
Mundo vazio, mundo vazio
Eu vou esperar mais uma noite"

Tô cansado, e já faz tempo. Não sei se procuro pelo fim ou só por um recomeço. Quero estar um pouco mais absorto. Quero jogar fora todas as velhas letras, quero reconstruir tudo mais uma vez, mas é difícil. Você bem que podia me jogar contra a parede, me sacudir de vez pra ver se cai tudo que está aqui preso dentro de mim, como um livro velho que esconde aquela sua folha de papel preciosa e você o sacode até ele ceder. A idade já deixou há tempos de ser minha companheira. Aliás a companhia há tempos já não sei o que é.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Uma de tardezinha

Chaves concatenadas de acontecimentos ordenados. Assim você me atinge vez em quando, quando em vez, sem aviso prévio, sem alarme, sem surpresa, sem chance de reação, sem noção, sem voz que não saia do coração. Parado eu fico e não sei bem como agir, mas de alguma forma deixo a sua voz me preencher por alguns instantes, é como controlar o limite da droga até que ela não te vicie. Ouço uma música serena, calma, pra não exaltar os ânimos, solto a fumaça do meu pulmão, sigo a sua graça, vejo se na minha mente te busco sem condições de tempo e espaço. Eu te recrio, reinvento, nos reinvento.

Veja só você o porquê de aqui eu falar, não ter pra onde colocar minha cabeça, ou por onde assim te dizer o que você deve saber. Junto os sons das palavras numa melodia barata, simples, sincera e honesta, desafiando os silogismos que construo pra tentar entender porque é que você acalma tão bem a onda que corrói meu coração. É verdade, já não sei bem onde eu estou, e nem mesmo pra onde vou, não me importo, nem ligo, sigo, quieto, sem pensar demais em amanhã, porque de hoje o sofrimento já basta. Sigo teu rastro.


"E eu me pergunto o que é que eu sou.
Vai ver eu não sou mesmo nada
Eu penso tanto em desistir
Mas afinal, não ganhei nada."


Ok, sei que já é suficiente, dessas linhas você já cansou faz tempo, aqui você não vista e disso nem fez questão desde sempre. Ficar aqui eu vou, a esperar notícias tuas, com meu livro em branco, minhas últimas páginas de verdade que você escreveu. Mas se caso lesse meu pergaminho sentimental saberia que não preciso de nada afinal, porque o que preciso realmente eu não tenho ideia, só busco o que me sacia, e deixemos essa discussão de lado, deixa eu ver esses seus olhos mais de perto, deixa eu sentir se você tá realmente perto ou se amanhã quando eu acordar meu quarto pequeno gigante vazio vai ceder o piso e me tragar pro inferno.

sábado, 12 de novembro de 2011

Ainda?

Não sei bem onde se perdeu, mas o ânimo não está por aqui. Acho que deveriam já ter criado uma máquina de razões, algo que te desse razões pra fazer alguma coisa, que te poupasse de pensar por si mesmo os motivos de estar fazendo determinada coisa. Eu perdi um tempo que não deveria ter perdido, perdi uma coisa que não existe, pois a gente sabe que o tempo só existe porque nós queremos, enfim. Perdi por algum motivo que eu não consigo agora externar. Tudo que você fez até hoje te fez vir parar exatamente aqui. Tô mergulhando de novo naquele terreno onde me ganham fácil, não tá ok. Suponho que se eu fosse um otimista positivista você se interessaria mais?

Por que você vive? Come? Anda? Banha? Por que? Não, não é porque é assim. Sei que tá tudo muito chato, igual, copiado, medíocre. Façamos assim. Esqueçamos e deixemos de lado.



. . .

domingo, 6 de novembro de 2011

Dormir

Senti meu rosto hoje como se estivesse derretendo, demonstrando todas as minhas sensações. Bem, você demorou a chegar, mas acho que tinha seus motivos, pois hoje você me forçou demais. Melhor dizendo, você estava quieta, mesmo tendo chegado, hoje alarmou tudo, mostrou de onde vem e porque é assim. Ah, tristeza, por que você judia tanto de mim assim? Eu preciso urgente construir uma casca mais forte e resistente que não deixe que as coisas me afetarem tanto. Eu vejo pessoas ao meu redor e elas parecem não se importar com o que na maioria das vezes eu estou remoendo em pensamentos. Vejo as pessoas e elas sorriem exageradamente, não digo que elas estão sempre felizes, claro que não, mas os seus juízos parecem bem mais em paz que o meu.

É uma coisa realmente muito frustrante você dirigir por ruas desertas e sempre estacionar no mesmo lugar. Na verdade, não sei o que eu posso fazer agora, não sei se você consegue me ver como eu consigo me ver, porque eu olho pro relógio e acho que nem mesmo ele quer se preocupar em me dar mais uns minutos de remoção. Tenho que me preocupar com coisas que exageradamente eu não queria me preocupar. Tenho feito minha caneta rabiscar, tenho tentado me esvaziar de tantos demônios, parece um tanto difícil. Desculpas se eu escrevo mais um texto deprimido, pessimista, egocêntrico, inútil e descartável, mas é que é o máximo que eu tenho de companhia em muitos momentos. Se eu desistisse logo de tudo de uma vez? Acho que ouvi uma vez alguém dizer que a vida é 90% dor e 10% prazer, e nós sabemos disso e temos certeza disso, não é? Então por que diabos eu deveria estar escrevendo sobre como eu vou conseguir algo?


"Essas coisas que ele sabe
Enquanto ele te leva através dos sorrisos, das carícias, dos sopros na neve
Ver ele ir embora é como cair na imensidão da noite
O inevitável chega para te empurrar
Qualquer outra voz faz um som tão pertubador
Ele se tornou o assassino do riso
Pouco depois de te mostrar o que era sorrir"

Eu preciso demasiadamente dormir, pra poder parar de pensar, de imaginar tudo em que você está. Preciso fugir, fugir, fugir, correr, correr, correr, como eu faço sempre, me esconder, esconder, esconder, embaixo de algum lugar que não deixe essa chuva me levar, se não vai ser tarde demais. Um dia eu vou poder parar de correr? Se eu ficar e perder a luta, pelo menos tudo isso acaba? Sinto muito mais uma vez, eu não queria que você sentisse pena, porque acho que ninguém precisa de pena. Como desde sempre eu não consigo saber porque não consigo imitar todos vocês, o que há de errado comigo? Você tem alguma resposta? Eu deixei de escrever tantas frases agora que provavelmente nunca as falarei ou escreverei e está tudo aqui na minha cabeça. Ainda vai levar um tempo pra que eu acorde. Se acordar.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O mapa está errado

Eu vi sua face hoje. Claro, no rosto de alguém, não no seu. Eu sei, é complicado. Ela me incomodou. Você provavelmente sorriria de mim e dessa comparação tão boba, mas inevitável. Vocês também viram isso? Quero dizer, vocês conseguem ver faces por onde quer que olhem? Acho que consigo com uma certa facilidade e talvez essa facilidade seja prejudicial quando uma face te lembra tantas coisas ou quem sabe te faz pensar em tanta coisa que pode ser que não seja memória, mas que você provavelmente queria que elas fossem. Aliás, se você fosse capaz de controlar as construções das suas memórias, você as faria todas boas? Ou todas ruins? Ou equilibradas? Ou tendenciosas? Eu não sei, é possível que não existam memórias boas ou ruins, apenas coisas que você quer ou não esquecer.

A face que eu vi era a sua face triste, que olhava pro chão e escondia os olhos de mim. Era aquela que eu tinha que afastar os obstáculos pra poder olhar melhor, era a face que te faz pensar que algo está longe ou não está ali ou aqui. Agora mesmo as minhas linhas deveriam estar direcionadas para outro lugar, infelizmente não é lá que eu quero estar, e nunca quis, mas tive que que estar e ainda terei que estar. Eu queria tanto passar mais tempo nessa praia chuvosa que é o meu quarto escuro. Eu posso ver a luz dos postes por entre as minhas grades, atravessarem as minhas paredes, nada romântico, mas real, eu sei. Aqui eu posso fechar os olhos e contornar meus pensamentos com as coisas mais inúteis possíveis, tais como imaginar a gota de chuva que se esconde nos seus cabelos.


"Não vá, você só vai querer voltar"

Você já reparou a quantidade de problemas que você adquire com o passar dos anos? O quanto seus pais estão ficando tão próximos de vocês? Eu sinto que nós humanos temos uma espécie de caminho único que todos seguem inevitavelmente, uma espécie de estrada em direção a algo, que nos puxa, e parece que eu estou sempre tentando fugir dele, pegando desvios, mas que as vezes se mostram atalhos pra onde todos estão indo. Eu tento fugir mais uma vez, mas em vão. Eu deveria fugir? Por que você não desse do seu castelo e me mostra onde eu devo ir? Por que você não... não apaga os nossos nomes, rabisca nossas faces e nos cria em alguma história bonita dos anos 80? Por que nós não estamos agora sujos e suados num quarto quente? Por que eu sinto que não está nada certo? Afinal de contas o que há de errado? Ok. Você cansou, tudo bem. Mas, hm, não desista assim fácil, tenho tanto a falar, ou melhor, a escrever... Leia. Sinta. Tente me dizer onde foi parar o seu mapa.

domingo, 30 de outubro de 2011

Quero sentir algo

Ouvindo o som dos ponteiros agora ecoarem vagarosamente na minha frente, na minha mente, enquanto tento focar-me no movimento, enquanto tento prender minha atenção no detalhe mais trivial possível de tudo ao meu redor. É verdade que eu ouço vozes, ou melhor dizendo, ouço sons, sons que parecem âncoras a me puxar, prenderem meus pés e me tragarem pras profundezas dessa solitude inquietante de palavras difíceis, usadas não pela beleza, longe de serem belas, elas apenas possuem o artifício de disfarçar o seu estado de merda. Boa palavra pra definir poucas coisas.

O frio hoje não é intenso, mas é latente e vem de dentro pra fora, não o contrário, o que prova a sua insensibilidade. Eu não quero ter que pedir muito, ter que ser o seu inverso, nem ir contra suas vontades, ou qualquer coisa que te frustre, mas eu simplesmente não consigo me adequar a isso que eles chamam de "ser assim". Quando eu miro seus olhos eu não me importo com a cor deles, nem com o formato, nem com nenhum aspecto físico qualquer seu, quando miro seus olhos eu consigo ver a sua alma, é óbvio, provavelmente não é sua alma de verdade, mas é a que eu construí nessa minha mente inútil.


Há um clube, se você quiser ir
Você poderia encontrar alguém que te ame de verdade

Eu gostaria de conhecer cada ponto seu, gostaria de estar a cada segundo mergulhado no seu sentimento, gostaria de literalmente me inundar, com toda a sua vontade de sorrir, gostaria que a sua doença feliz me infectasse, mas eu sou "forte". Ignore as minhas palavras, elas não valem nada, eu nunca pretendi que valessem, elas diante das minhas ações são apenas espelhos, preste atenção no que as pessoas afirmam e no que elas fazem, você irá ter todas as respostas que quiser. Mas não as ignore por completo porque com elas, as vezes, é claro, eu consigo agir, consigo mudar, só não quero que a vida te engane e te leve pro outro lado. Não deixe que eles te raptem. Resista.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Já tá bom

Eu gostaria muito de conseguir entender o que move tão fácil vocês, nos últimos minutos eternos do meu pensar isso não saiu da minha cabeça. Como vocês não conseguem se questionar sobre tudo o que parece tão certo? Aliás, onde é que é mesmo que encontramos o livro sobre o qual as suas cabeças estão deitadas? Eu gostaria de lê-lo, talvez me enojasse menos com seus jogos e truques, talvez eu poderia entendê-los, saber como jogá-los e até mesmo me entreter com eles, então por favor, me guie até suas profundezas artificiais, se não se incomoda, gostaria de conhecer as fontes das suas verdades.

Pode ser que eu esteja complicando demais o que é simples, e pode também ser que não, mas você não pode simplesmente achar certo que alguém ache que o seu corpo vale alguma coisa além dos sentidos. A vida é tão abstrata e concreta ao mesmo tempo que pode fazer alguns entrarem em colapso quando identificam todas as tramas imbecis dessa história repetida e previsível. Onde eu fui parar afinal de contas? Eu suponho estar no caminho certo, e essa suposição me conforta todas as noites. Não pense que se você contar mais mentiras o buraco irá se tapar, pois isso não é um buraco, é um furo, sinto muito.


Amaldiçoe deus por minha tristeza.

Não alimente suas esperanças em relação a isso, não vai ser diferente, você pode não ter descoberto agora, mas as mesmas podridões de sempre irão aparece, e, nessa parte eu não me desculpo, você irá perceber sem muita reflexão que não é preciso saber muito pra conseguir enxergar o que acontece sempre. Seus belos poemas vazios não irão preencher todas essas aparências inóspitas. Então, vai ser esse o ponto em que você irá ignorar mais uma vez e continuar a escrever essa história, ou então sair desse jogo inútil e abrir os olhos pra outro lugar. Talvez a virtude não esteja nas boas pessoas, mas simplesmente naquelas em que consigam te cativar o máximo o suficiente pra que você acredite que nelas mora a verdade. Mate-me logo de uma vez só, dessa vez.

domingo, 23 de outubro de 2011

Não demore demais, posso sumir, aliás, sumi

Nós somos produtos em constante produção e tudo o que adicionaram desde nossa tenra infância até hoje muitas vezes fez a gente nunca ser ou escolher o que realmente queremos. Ou pelo menos nunca conseguirmos o que tanto queremos e enfim... De quem pode ser a culpa? De todos aquelas músicas pops? De todos aqueles filmes? De todos aqueles episódios de falas prontas? De toda aquela ilusão? Por que eles criam impossibilidades?Por que existe afinal de contas a ficção? É por que estamos entediados? Por que tantas pessoas insistem em "realidade"? Por que outras tantas insistem em acabar com a vontade distante de alguém só porque não conseguiu a sua?

Foram tantos os dias que se passaram desde as horas chuvosas e lamentáveis que me levaram a criar esse blog junto ao meu amigo que olhando pra trás não mudou tanta coisa, eu e provavelmente ele se ainda estivesse escrevendo, acreditamos basicamente nas mesmas coisas, nas mesmas ideias que colocaram na nossa cabeça, pelo menos me refiro as básicas, é claro, não as triviais que algumas experiências te fazem superar. Será se é tão difícil assim pintarmos um quadro belo em que nós estejamos neles? É tão difícil assim acreditar? Por que vocês acreditam nos seus deuses, mas quando se trata de acreditar em simples possibilidades humanas vocês não pensam duas vezes em quebrar tudo? Por que as promessas nunca são cumpridas? O que há de errado em querer o que é melhor? Por que eu devo me conformar? Onde você foi parar afinal de contas?




"Nosso tempo está acabado.
Você não sabe que se uma máquina do tempo estivesse aberta
eu ficaria bem aqui em meu lugar?
A guerra ainda não terminou, não
Essa guerra ainda não terminou!
Ser legal só é difícil quando os outros não são"


Por seja lá o que você acreditar, nós poderíamos tanto mais se esquecêssemos de toda essa merda que vocês acham ser real. Eu tentei flechar com todas as minhas verdades, mas elas não são e nem nunca foram venenosas, não feri ninguém até agora. Eu provavelmente também não cumpro minhas promessas, como todos nós não o fazemos, então no fim de tudo sou só alguém que reclama mais que você? Ou será que não? Que seja o que for, não vai ter importância. Estou agora a pensar em: fracasso certo ou fracasso quase certo. Quando você vai mudar isso tudo? Por favor não demore tanto.

sábado, 22 de outubro de 2011

Consciência

Como sabermos se estamos vivos? De fato, longe de dúvidas e incertezas, como saber? Hoje me cortei, não fisicamente, mas um velho corte que mais parece uma bolsa onde eu guardo todas as dores e nele eu toquei, a dor que eu senti me trouxe pelo menos a frágil convicção de que estou vivo, muito embora isso não tenha mudado nada. Tenho tido uma existência um tanto quanto serena nos últimos tempos, talvez essa seja a tendência do meu ser ou qualquer conceitos desses que você concorde em aceitar. Mas a questão mesmo é se o que eu sou é realmente o que eu quero ser? Aliás tem como eu querer ser algo? No fim mesmo isso não importa nada.

A tristeza pode ser vista como ruim por alguns apenas por ela ser uma companheira sincera e sóbria que te comunica sem truques o que realmente você é ou o que realmente está acontecendo. Ando a pensar que ela já se infiltrou de tal maneira em mim que consigo fazê-la se alegrar certos momentos, mas nunca ir embora. Hoje e os dias que consegui ver as horas me comprovam cabalmente como eles são tão iguais, sem nenhuma ordem desordenada, ou um desvio surpreendente. Não é de estranhar que eu sinta falta de surpresas, desde pequeno sempre ansiava por chegar em casa e que algo me surpreendesse positivamente. Vai ver era melhor eu nunca ter crescido como parece ser.


E assim se foi, como todos os outros, esse último detalhe não deixará de me atormentar... como todos os outros...

Estar sozinho tem o fardo do vazio, mas em si eu acho que não há com o que lutar. Me abro poucas vezes, e essas poucas se tornam a cada dia ínfimas e talvez se torne um nunca. Parece que depois de um tempo você só sabe criar regras pra si mesmo "Nunca mais faça isso..", "Quando isso acontecer..." me pergunto se isso é positivo ou negativo, provavelmente negativo, as regras não são nada mais que tentativas e tentativas estão tão longe de serem certas, logo não possuem peso algum. Eu desisti de tentar escrever nos teus bilhetes, desisti de tentar atingir, de tentar mudar você e o mundo, desisti não porque acredito que seja impossível, mas só porque não parece que assim o quer. Olha só como eu ainda sou piegas. Ah, como o tempo voa. Por favor não me conte as horas, sou um velhinho frágil à consciência.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As partes ruins e reais desse filme

Tenho me sentido extremamente repetitivo esses dias e eu já sei que sou assim desde sempre, não busco motivos em nenhum campo exterior se não em mim mesmo e meus demônios que nunca me abandonaram. Interessante que não é nem a vida que está repetitiva em si, ou talvez sim, mas percebo mais em mim, as mesmas queixas, as mesmas inconformidades. Será se eu faço tanta coisa errada assim? Eu nem de longe posso ter essa resposta. Se tivesse, que diferença faria, certo?

Odeio desistir do que quer que seja e por isso tento até onde eu achar que valha a pena, então sempre que desisto as variáveis disso me atormentam por dias. Gostaria de poder abrir minha mente e sentimento aqui, entretanto acho que não posso. Tenho repetido a mesma música incessantemente sem dúvida porque toda vez que a toco ela me inunda um pouco mais com o seus sentimentos, busco nela tudo o que me falta, tudo o que eu não tenho.

O frio hoje me invadiu, me congelou, me roubou pra si e me embrulhou nesse pano branco. Hoje eu não vou mais te deixar em casa, sinto muito, aquela minha face pensativa e observadora não vai poder mais te contemplar, porque ela preferiu ficar de longe, no banco ainda a observar, porém de longe sem alarme, sem surpresa como diria o sábio. Eu parei aqui na minha janela e fiquei a observar os sinais trocarem de cor, sem parar, sem porquês, apenas por funcionarem assim e cá eu sem saber o que eu deveria fazer agora, o que?


"Implorando pra entender"

Mais algumas linhas e você abandona esse texto, eu sei, mas não me importo, sinto lhe dizer. Não posso ver a hora de me perder nessa floresta que a cada dia me chama, porque aqui eu acho que já fiz demais, já tentei tanto, já tenho tão pouco de mim em mim, já me deixei tanto por aí que não sei mais pra onde devo voltar. Eu não vou mentir, meus sentimentos falam demais e eu deixo eles aflorarem o máximo possível, consigo apenas com minha mente imaginar tudo o que preciso pra alongar o tempo que nunca quer parar, entretanto a realidade me golpeia todos os dias. O que há de errado comigo? Eu só quis que você me consertasse, mas você se perdeu como todos nessa velha medida que diz que devemos sempre ter mais. Não preciso de mais quando tenho o que preciso, e agora já não posso mais ter.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Você vai ou não?

Como vai tudo? Tô aqui do outro lado do mundo querendo saber sobre tudo. Juntando só as poucas peças que tenho pra montar esse quebra-cabeça infinito, mas que por muitas vezes me fascina e me anima. As minhas rugas já transparecem toda a preocupação que tive, toda a fé que perdi, todas as roupas que deixei de usar, todos os gostos que deixei de gostar. Tudo. Como vai aí? Tá tudo diferente? Tá tudo certo? Você não pode simplesmente adivinhar minha curiosidade e me dar um telefonema? Você não quer ler a minha mente? Eu deixo, não temo. Mas não se magoe com as farpas que você encontrar.

O vento voou veloz enquanto eu escrevi tudo que pude sobre o que pensava de você. Não foi suficiente minha imaginação, ou força, ou qualquer coisa do gênero, certas necessidade falíveis humanas parecem nos prender a essa vida que não é de fato animalesca, porque se fosse assim seria ótimo, mas a uma vida criada por alguém que não conseguia mais acreditar em si mesmo. Me escuso das culpas e responsabilidades pra poder dormir perto de uma paz sustentável. A realidade é que não aguento mais ter que contar tantas histórias. Minha pele começa a enrijecer.


"Estou me sentido velho e cansado."

Por vezes eu realmente me aventuro a pensar no que não é comum. Por vezes chego a acreditar e por tantas chego a frustração, mas qual é o motivo pra tanto pesar, não é mesmo? Se nós não sabemos nada um do outro. Se a milhas de distância a única coisa que eu posso ter de você eu não seria capaz de segurar com as mãos, quem diria com o que há dentro de mim? Como vai tudo? Se você me retrucasse a pergunta, provavelmente eu fugiria, sem palavras, sem amores, sem sensações, sem histórias interessantes, sem fatos intrigantes, você não ouviria nada. Por que do nada apenas o nada surge. Então que choremos o nosso pesar, pois de nada mais vale a pena acreditar que ainda vai ser de outro jeito. Feche bem as portas hoje a noite.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Navegar sem mar

O mundo é extremamente enorme, existem tantas, tantas coisas, incontáveis, inúmeras, cores, formas, sentidos, vidas, visões, ares, mares, então por que raios de motivo a minha cabeça só vai parar no mesmo lugar? Por que não penso em tudo menos no que eu deveria não me preocupar tanto? Só porque eu não tenho força de vontade ou qualquer um desses conceitos que você vai provavelmente formular? É realmente bonito quando nos imagino utopicamente, mas é realmente triste quando eu percebo que pra você as chances de sermos são consideravelmente menores que a de não sermos.

Giro a minha mente em círculos cada vez menores até sempre atingir o mesmo ponto, o qual me deixa encabulado e reflexivo sobre as inúmeras variáveis que podem te atingir nesse exato momento. Eu não quero te controlar, nem quero me controlar, eu só quero ter onde pisar. Mas as coisas não são assim e disso eu já tomei consciência o suficiente pra vomitar. Quando não se sabe como agir ou que falar o melhor talvez seja não falar e nem fazer, e assim se faz. Não quero que você tenha que olhar no passado pra conseguir me encontrar.


Como um pássaro que foge do frio

Quando todos os dias tiverem passado, todas as horas, todos o minutos e todos os segundos eu quero estar à sua visão. Mas quando eles irão passar? Ou quando você vai virar a cabeça e perceber? Eu acho que não tão cedo. Tem uma multidão a acenar pra mim, eles dizem adeus e eu viro as costas. Calado. Entre o mundo e a minha mente.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Apodrecido

Cortei nossas cordas ontem a noite. Eu esperei demais, consigo esperar, consigo esperar por um bom tempo, consigo ver o tempo passar, eu consigo ver o vento, eu sei bem o que dizer, mas nunca sei agir. Eu ainda vou demorar amadurecer, tenha certeza. A gente sonha demais, quer demais, talvez fosse melhor parar de pensar um pouco.

Vou permanecer dobrando todas as minhas esquinas. Perdão, mas você não consegue me convencer de que posso voar ou de que minhas pernas não estão bambas. Perdão, continuo ainda esperando.

Tanto faz, certo? Eles pensam em coisas tão diferentes, do que adianta então? Nós vamos só nadar, eu vou te carregar, só que a verdade é que ninguém quer ser carregado. Nós nos afogamos há muito. O final deve ser o momento exato que não apodreça. Sinto muito.

sábado, 1 de outubro de 2011

Morrer quando?

Eu tenho pensado muito sobre o fim e talvez isso seja inútil e desaconselhável, tenho martelado as possibilidades, os medos e os desesperos, o como tudo pode acabar, o como seria bom não acabar, ou se não tivesse realmente como porque nós somos humanos de corações frios, que pudéssemos escolher o melhor final. Mas é tudo tão utópico, tão distante, imaginar que você acreditaria na mesma coisa que eu, no mesmo momento, da mesma forma e com a mesma força, e essa utopia é tão grande que se converte em tristeza.

As vezes não minto, eu clamo por ele, mas sem respostas. Me sinto preso quando eu sei que o nosso sentimento não está tão pleno, ou talvez eu esteja enganado e seja nesses momentos que ele pulsa com mais força. São "ou" demais pra eu pelo menos poder ter uma certeza. Troco algumas palavras, algumas frases de efeito, outras nem tanto, distraio me confundo, mas guardo uma força aqui dentro que continua a me guiar cegamente até onde você estiver. Eu queria poder encostar minhas palavras nos seus olhos agora e fazer você ouvir e acreditar. Mas eu não faço, eu não posso. Continuo aqui.



Simples promessas

Adiei algumas palavras, algumas vontades e sensações agora tão palpáveis. Provavelmente eu não consigo preencher seus espaços vazios, não sou a força atrás da sua boca, não te provoco o novo e nem o diferente, por mais que eu tente me sinto sempre como uma carta jogada fora. Eu procurei nas palavras como me expressar e assim fazer-me entender, e disso nada adiantou, toda minha equação, sim essa que me forma, deu o resultado mais insignificante possível, daqueles que você não sente falta o suficiente pra esquecer toda a merda que colocaram na sua cabeça e chamaram de felicidade. Construiria uma bomba o suficiente forte pra explodir todo o futuro e termos que viver agora, nunca mais fazer algo visando o amanhã, sempre agora, pra sempre agora, agora e agora. Não me faça soltar os pequenos grãos que eu guardo de você na esperança.

Se duas pessoas são humanas e logo não ficarão pra sempre juntas já que elas um dia morrem, as suas vontades contariam? Se as duas morressem querendo ficar juntas pra sempre elas permaneceriam juntas, certo? Não digo que devamos acreditar tanto nisso, nem nos prendermos tanto, mas por que é que nós somos finitos? Não é a questão do sempre, ou do nunca, é a questão de apenas sentir. Esqueça as opiniões, elas são apenas impressões, a realidade é tão distante das lentes que eles colocam nos olhos e acham que assim veem a verdade. Desculpe-me por não saber que força te controla. Meus anos passam, eu passo, nós passamos, e eu já me cansei demais. Chega.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Olvide me

Quantos anos nós temos? Quantos nós já desperdiçamos? Não sei o quanto eu queria poder gastá-los melhor, o problema é que eu não tenho os critérios. Mas tanto faz, certo? Como sempre... Nós ainda vamos continuar tentando, ou pelo menos nos iludindo, isso sem dúvida não pararemos nunca. Enfim, vejo o dia passar de uma forma tão extraterrestre que é até difícil explicar-los, de qualquer forma em poucas horas eu estarei mais uma vez trancado numa sala fria querendo muito não estar lá, mas sob a branca luz do sol a me dizer que eles estão ali porque querem e ouvem porque querem. Quando?

Hoje é só mais um dia. Ou melhor dizendo menos um dia. Não sei ao certo. Eu esperei pela sua chamada, mas só ouviremos as mesmas coisas, então vamos nos poupar disso, é bem mais saudável. Hoje a garrafa está bem vazia. Vamos deixar isso de lado então? Eu só queria não precisar pensar no que é certo ou no que devo fazer ou acreditar ou... Porcaria, onde foram parar todos os meus bilhetes? Melhor olvidar.

sábado, 24 de setembro de 2011

Como se eu realmente existissse

Interessante como as coisas mudam, não? E com o tempo você acaba um vidente cético que sabe todo o curso das coisas que talvez desviem em alguns momentos, mas o destino é sempre o mesmo. Sou obrigado a ignorar tantas palavras, essa provavelmente não é a porcaria de uma vida boa, se houver como saber o que é uma vida boa. Estou sentado no mesmo lugar de sempre com o mesmo caderno na mão escrevendo sobre as mesmas coisas de sempre, então, me diga, as coisas realmente mudam? Você é realmente diferente? Porque nada assim parece. A minha porta se fecha com a mesma facilidade que se abre.

O jeito mesmo é chutar toda essa merda. "O amor não é grande?" ele me pergunta e o que eu devo responder? A minha vontade é uma insignificância. As pessoas... Melhor é calar-me.



"Arde mais que brasa em pele quente você olhando pra mim"

Já vou, deixa pra cá, do que adianta reclamar? Não tem muito mesmo o que falar que já não saibas. Como se eu realmente existisse...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ainda sinto o gosto

Não tenho esse sentimento há um bom tempo, o evitei por algum tempo, procurei por outro, mas parece que sempre acontece da forma que você não imaginou, o que não quer dizer que não tenha acontecido de uma forma boa. Sinto medo e segurança no mesmo lugar, sinto muitas outras coisas, sendo sincero não é fácil deixar de viver só. Deixando de lado os pesares, é um sentimento bonito, que precisa ser verdadeiro sempre, ele te faz fazer tanta besteira, e é bom que você o faça, afinal de contas pra que serve a vida se você não corre perigo de morte?

O medo que o acompanha é ruim, mas provavelmente necessário porque sempre que a gente cuida de alguma coisa queremos tê-la pra si, queremos mantê-la como está, queremos guardá-la se possível dentro de si e assim o fazemos, e assim eu faço. Há tempos não escrevo assim, há tempos eu não sou assim. Fecho os olhos e só uma imagem vem a minha cabeça, abro os olhos e só um som chega ao meu ouvido, viro a cabeça e só um perfume guia meu cérebro, uso os meus sentidos o máximo possível só pra aproveitar cada essência que eu roubo de você, o problema que só os posso guardar na minha mente. Se eu me tornar muito piegas vai dar tudo errado? Se eu for diferente e antiquado vai dar tudo errado? Se eu não ligar pra o que tudo mundo liga vai dar tudo errado? Se eu tiver que pular você promete me avisar quando quiser soltar minha mão? Se eu pular no seu trem vou ter sua mão?

Eu tenho tantas questões quanto incertezas, tantas chatices quanto piadas, tantas palavras quanto sentimentos, tantas letras quanto possível, tenho tanto e tão pouco. De fato eu não te escrevi um poema, não subi a sua escada e provavelmente nunca mudei sua opinião, e você ainda vai continuar sentada em frente ao velho jardim. O problema é que não quero mais ter que falar pra ninguém, não quero mais falar, não quero que ouçam o que eu te disse, não quero mais, mas vivo caindo em razão e desolamento por tudo que me cerca. Não é que eu seja um tolo, é que eu só aprendi a amar vendo histórias com finais tristes. Me despeço de você com a esperança de te reencontrar, demoro a ir até você na esperança de você precisar de mim, guardo algumas palavras em mim na esperança que você as pergunte, olho o relógio na esperança de que você me surpreenda, te abraço na esperança de não viver num mundo tão ordenado onde o tempo nunca pára, me calo na esperança de te ouvir, me pego na facilidade de me adaptar à você. Vivo quieto, talvez demais, talvez de menos, mas sereno e provavelmente apenas com menos cabelo.



"As partes brancas dos meus olhos se iluminam."

Não é porque pareço com eles que eu seja como eles. Eu não me importava em vencer ou perder, em contar ou deixar de contar, nada mundano importa. Feche os olhos de uma vez só.

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Visitem o blog do meu amigo Felipe Augusto (caso alguém já visite esse) você vai encontrar boas tirinhas: praveroupracomer.blogspot.com

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Gelo, sol, cabana

As vezes, mas só as vezes, não parece que você está assistindo um filme diante dos seus olhos? E o que acontece se o filme for ruim? Você para de assistir ou vai até o final? E se você já sabe o final? E se o filme não passa daquele velho e repetido clichê sem final feliz? E se não é um filme, mas só mais um episódio estúpido reprisado? O que seria correto fazer? Bem, algumas pessoas não tem absolutamente nada a fazer e portanto um filme ruim ou episódio repetido é o máximo de diversão que elas podem chegar, e disso elas até tiram proveito se iludindo que estão a assistir outras coisas.

Como tantas vezes se repetiu e há de se repetir "As faces são outras, mas a história é a mesma" e quando você se dá conta tudo perde tanto a graça que não faz muito sentido continuar a ver onde essa tragédia vai parar. Melhor mesmo seria deitar numa rede e ler um bom livro, entrar na cabeça de outra pessoa e fugir da sua. Vocês nunca foram perseguidos pelas suas próprias mentes? Diga uma ou duas vezes que vai ser diferente, diga até três, ou quem sabe permaneça, mas não é você quem decide diretamente, sinto muito. Os animais sempre vencerão.



Cada palavra de cada texto é ligado extremamente a cada música. Mas do que importa? Se eu te fizesse tantas perguntas você iria tentar responder ou apenas calar-se? Se eu te convidasse a mudar-se pra sempre? Você aceitaria? Se eu te convidasse a sumir? Se eu sumisse? No final de tudo, que diferença faria? O universo perderia o eixo? A terra pararia? O tempo não andaria? Os mortos ressuscitariam? Você e toda sua parafernália seriam diferentes? Não. Desista do meu episódio... Ele não fará sentido nenhum, nem terá mais ação que um filme francês ou explosões que um americano ou finais surpreendes como um inglês. Sinto muito.

Cavalgando para casa todos os dias
Claro que de uma forma cinematográfica


O conforto é pensar na possibilidade de respirar apenas o gelo, o sol, a cabana.

sábado, 10 de setembro de 2011

Nada precisa fazer sentido

Venha cá e jogue esses sorrisos fora, hoje. Gaste-os com a pouca força que te resta. Não ligue pra muita coisa, melhor, desligue muita coisa. Eles não sabem de nada. Sinto falta do velho positivismo, não o arcaico, mas o positivo de fato. Dias tão amargos e cinzas cansam bastante. É tanta angústia, tanta agonia que você esquece que tem mais coisas a fazer do que remoer-se, pensar, calar-se, enfim, trancar-se.

O sol hoje está impiedoso, sim, como todos os dias são, mas você consegue se lembrar daquelas velhas ruas desertas que só eram preenchidas pelos nossos risos? Se lembra de quando um quarteirão era suficiente pra nós? Vejo ruas muito maiores agora, com muito mais pessoas, e por incrível que pareça, elas agora parecem bem mais desertas que antes. Nós tínhamos nossas missões e dela reclamávamos pra depois acabarmos sorrindo. A carne que o fogo salpicava, o álcool que evaporava, a água que molhava, as falas que eram desperdiçadas, o nosso jogo que não acabava. Agora tudo é maior por fora, menor por dentro.

Não falo de saudades, não falo de sentimentos passados, falo apenas daquela música que você ouve e te faz querer estar na proa de um navio sob a luz de um sol escaldante sentindo apenas o que é possível sentir na hora: o vento contornar todo o seu corpo.



Quando nós estivermos mais velhos ainda que hoje, agarre-me e pule comigo desse penhasco enquanto pudermos mostrar os dentes e sorrir. Cole-me. Grude-me. Não deixe que eu conte nossa história nunca, nunca por precisão. Não faremos memórias, nem lembranças, faremos apenas o agora. Quando estivermos mais velhos não deixemos que o mundo nos molde. Moldemos o mundo. Nada precisa fazer sentido. O sol ainda nos perseguirá, tenha certeza da nossa luz.

Vamos mudar nossas estradas, e persegui-los por aí

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Deixemos de lado tudo o que não estiver escrito no nosso corpo

É provavelmente isso que nos conecta tanto certos momentos, é o fato de não sabermos de modo algum o que há de errado conosco. O que há de errado? O que falta? O que não falta? Por que nós não conseguimos ficar parados e nos sentirmos satisfeitos? O que há de tão incerto? O que fizemos? O que não fizemos? Tem sempre uma peça faltando nesse jogo interminável, sempre uma agulha perdida, uma sensação intermitente de que algo está totalmente fora do lugar, que nós estamos fora do lugar. Onde nós devemos estar então?

Tem alguma coisa muito errada com todo esse silêncio, tem alguma coisa muito bem escondida que permanece a te cutucar e te conscientizar dela mesma. Continuamos sem saber exatamente o que é, e atrás dela já atravessamos cidades, livros, vontades, pessoas, mas continuamos aqui inertes, incapazes. O que há de errado? Por que existem tantas palavras que eu não conheço? Se nós pudéssemos simplesmente acalmarmos a tempestade, se eu pudesse parar de insistir nisso que colocaram na minha cabeça.



A nossa distração se perde fácil. O nosso amor não cresce muito. A nossa crença não tem nenhuma substância. A nossa fala não tem coerência. A nossa atitude não tem previsão. A nossa aparência não tem padrão. A nossa cor não tem razão. O nosso pesar não tem motivo. A nossa vida... O nosso tempo... A nossa casa... O nosso sonho... A nossa vez...

Once is better

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Essa sua vontade de demonstrar algo a mais

Escrevo sobre os desencontros, sobre as palavras amargas, sobre os pensamentos insistentes, escrevo sobre o que não é, nem será, sobre o que seria o amor, sobre a vontade, sobre a saudade, escrevo sobre tudo que cabe dentro de alguém que é tão pequeno, sobre como nada mais vai passar se não for sua mão que empurre, escrevo muitas vezes por não ter outra alternativa, ou simplesmente porque não há nada melhor que jogar fora o que não se quer mais.

Miro o acaso e ele sorri sem culpa, como você pode ser assim tão indiferente? O fogo não te queima? O sol não te incomoda? O gelo não te corta? A lua não te impressiona? O mundo não te cativa? O sempre não implica contigo? Se todos simplesmente dissessem sem medo a verdade, é provável que o mundo fosse menos triste ou mais real. Entretanto não é isso que acontece e o que nós escolhemos, ou temos que escolher é acreditar mesmo que iludidamente numa história qualquer de um dia do calendário qualquer que nunca aconteceu.


Vocês todos não vão conseguir enxergar muito além, e isso não quer dizer que eu vá, o que quer dizer é que parece que vai demorar até que alguém possa. Vai demorar até a água ficar cristalina, vai demorar, talvez demais, vai demorar. Fecharei seus olhos até que eu esteja longe demais pros seus braços me alcançarem. Não dance mais. E olhe pra ver se não te seguem, por favor. O noite acabou mais uma vez. Quantas?

domingo, 4 de setembro de 2011

Histórias

Eu sabia que eu ainda voltaria aqui, pensando a mesma coisa de sempre, mas sabe o que é mais ruim? É que certas coisas parecem roupas que você sai por aí testando, algumas começam perfeitas mas daí quem está usando cresce demais ou muda os gostos pela moda, ou de qualquer forma que você queira imaginar descarta a sua roupa antiga e rasgada em pontos que só os observadores poderiam olhar e tirar dali a melhor história possível. É difícil? Bem sinto que confiar não é como apostar, nem como acreditar, confiar seria como um sentimento, você não força, você não faz, você sente. Provavelmente isso foi apenas mais uma das milhões de redundâncias que eu consegui expressar, mas com o que eu estou me importando? Como se existissem soldados nessa guerra.

Uma piada, uma história engraçada pra alguns, será o que vai se tornar mais uma vez, disso todos nós sabemos, até mesmo você que já conta por aí o que não conta pra mim. E do que estávamos falando mesmo? Ah sim, sobre o fato de nós tentarmos navegar no gelo, é uma pena ter que esperar ele quebrar a qualquer hora, mas o que é melhor: que o gelo quebre ou que rache? Não tente mais uma vez, nem outra vez, talvez tentar seja apenas uma estupidez otimista criada pelos programas que você assiste domingo a tarde ou as músicas que você ouve a noite. E no final disso tudo o que supostamente eu deveria fazer? Acreditar? Crer? Confiar? Fechar os olhos? Ou devo só tapar os ouvidos? Você consegue me responder?

Ok, não há tempo, não há espaço e quando houver não haverão simultaneamente, sinto muito. Você cria todas as histórias e tenta acreditar nelas, o problema é que você esquece de me convencer, e de convencer-se.


E a visão que foi plantada em meu cérebro
Ainda permanece
Entre o som do silêncio

Saciada

Vejo a ponta dos seus dedos avançando cada vez mais contra mim, e eu sei, sei que no momento em que eles me tocarem a minha tomada cairá e tudo se desligará. Vou demorar acordar, com certeza, vou desviar todos os olhares, todos os pensamentos e julgamentos, não sei bem ao certo até onde ou quando, mas vou ter que correr o quanto puder, porque todos nós sabemos que os momentos tristes rendem mais linhas que os felizes e você saberá disso, saberá que nós não precisamos de fato estarmos ligados, mas apenas nos sentirmos assim, como a árvore que cede a folha sobre nossas cabeças e o vento que nos seca.

E eu vou apertar teu nó forte, mas não difícil de desamarrar, apenas forte. Não vou estar mas também não vou deixar de estar. Nós vamos pra lá brincar de mentira, dizer que tanto faz, que o que interessa não nos interessa, mas a grande verdade é que nem nós mesmos sabemos até que ponto nós vamos seguir assim. Todas as histórias que só eu ouvi irão servir apenas pra mim, enquanto eu as comparo com o que não posso e deixo tudo pra depois. Nós seremos garrafas perdidas em alto mar. Bilhetinhos da sorte esquecidos em gavetas.



Vou virar fumaça aos poucos, e mil pedacinhos meus serão jogados em cada parte de vocês, porque assim eu fiz e pelo visto continuarei. Nós somos o que eles querem que sejamos. E só.

Com tanta gente na estrada.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O último olhar

Não seria muito excitante se, se bem... se nós pudéssemos talvez por hoje ou por hojes, ou por amanhãs sermos outra pessoa? Provavelmente sim. Mas quem? Ah tanto faz, não é? É bom que seja apenas alguém diferente, com outras histórias, outros medos, outras vontades, outras coisas. Talvez alguém perto do mar, talvez ninguém, quem sabe apenas o vento? Poder ver todos sem se comprometer? Eu ficaria sentado na minha consciência por um tempo se pudesse. Acho que é possível criarmos o jardim dentro de nós mesmos, ou será que não?

Eu vou devagarzinho juntando os pedaços, lentamente montando esse castelo de areia. E não me negue, nós todos fazemos nossos castelos de areia esperando que demore o máximo possível a cair, como prolongar? Aliás, como evitar? Realmente não sei, mas é ainda incrível como o meu sempre parecerá mais frágil, assim como o seu e assim por diante. Escrevo poucas linhas hoje. Acho que tenho vontades demais dentro de mim mesmo, tantas que é possível que se esvaziem rápido demais.

Vou calar a minha boca mais uma vez. Vou trocar de rua mais uma vez. Vou trocar de lado mais uma vez. Vou pensar diferente mais uma vez. Espero encontrar outras falas, outras roupas, espero essa história sair do clichê, mesmo honestamente pedindo bastante em certos momentos que ela se mantenha tão piegas o quanto for possível porque nós todos precisamos de uma dose de previsibilidade, pois é muito bom as vezes saber onde será o próximo lugar onde você vai por o pé. Sim, eu gosto de imaginar. Esse meu baú velho e antigo é frágil, tomemos cuidado. E quanto a ser outra pessoa, bem, acho melhor esquecermos, acho melhor sermos, afinal de contas nada substitui a verdade.

O seu ultimo olhar acabou,
Nas árvores ficou,
As ruas marcou.
Nos olhos levou a certeza que teu mar não morrerá em ti.
Teu mar não morrerá em ti.


Os seus últimos olhares acabaram há tanto...

sábado, 27 de agosto de 2011

Punhos fechados

Bem, acho que todos nós nos perguntamos porque que teve que ser assim, certo? Aliás, "teve" exatamente que ser assim? Por que gastar tanto tempo comparando e medindo o que se tem com o que não se tem? Todos aqueles sorrisos, aquelas falas prontas, todas essas vontades, todas poderiam ter sido traduzidas, e quanto foi quisto, mas nada aconteceu. Como na verdade nada acontece. Mas cá estamos querendo mais e mais uma vez sentir aquela velha força que nos faz querer apenas ouvir ou apenas sentir.

Guardo aqui toda a sensibilidade de anos carregados, guardo a carcaça machucada e dolorida, guardo toda essa carga, mas tento não reclamar tanto, tento? Ok, eu me rendo, eu me rendi, não sou um forte e nem forte, é fácil perceber de longe. Sinto falta daqueles dias como sinto falta de tudo aquilo que eu não tive. Mas acho que agora vou fechar os olhos, e bem, nós não devemos pensar tanto, eu não devo e nem você deve, essa é só mais uma daquelas horas onde os olhos poderiam ser bocas e as bocas poderiam ser instrumentos.



Será se hoje a noite você pode me guardar no seu punho?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A velha fórmula

Os meus ouvidos nunca estiveram mais abafados. Meu corpo nunca esteve assim. Eu nunca me senti tão acabado. Olho a janela em movimento e mal consigo pensar. Mesmo assim ainda tenho uma lista de regras dentro de mim que por sinal ainda não deixei de cumprir. A minha razão hoje ganhou e pelo visto vai continuar assim por algum tempo, das poucas vezes que eu a esqueci, acabei exatamente como eu estou. Certo, acho que vou voltar ao meu pequeno cubo, acho que vou voltar ao meu pequeno universo. Apesar de que está tudo caindo aos pedaços, eu não dou a mínima pro que vai acontecer, ou pelo menos eu queria não dar.

É como se tivesse que remover cacos de vidro do meu peito, devagar, com força, vontade e muita dor. Eu os coloquei lá, e quando eles me furaram eu estava muito anestesiado pra perceber qualquer coisa. Agora paro e olho minhas mãos sujas de sangue e vejo o quanto ainda tem por vir, o quanto pareceu profundo. Se ao menos eu soubesse como parar tudo isso, se eu não tivesse que obedecer a mim mesmo ou ao mundo. Hoje eu vou usar aquela velha borracha, hoje eu vou ter que abandonar a fumaça, hoje eu preciso apertar o velho botão, nem que seja só em mim mesmo, hoje eu necessito da velha fórmula.



Talvez eu encontre algum dia o que te faz abrir os olhos tanto, talvez não. O ruim é ser um super herói da imaginação. O pior é não poder desistir. Fecho as mãos, olho pra longe, ouço boas palavras, fico quieto enquanto espero a chuva gelada me lavar a alma, enquanto espero o sinal verde, enquanto espero passar. O hoje eu acho que já acabou. O amanhã também. Só tem o ontem, e tá ruim demais. Mas quando eu trancar a porta não pense que é porque gosto de ficar sozinho. Hoje eu tentei juntar os cacos. Espero a hora passar. O tempo não vai parar nunca.

Eu vou embora
Não sei pra onde


Não adianta fingir. Quanto mais vocês sorrirem mais triste eu estarei.

domingo, 21 de agosto de 2011

A senhora

Eu te avisei. Eu falei o que havia dentro dessa sala mas você não me ouviu. Te disse com todas as palavras, todas aquelas que você mesmo ouviu, não só uma vez, e seus olhos olhavam em outra direção. Só por causa de uma imagem, talvez de duas, só porque você quis acreditar. Que grande e enorme bebê, tantos dias juntos na mesma pessoa, tão pouca razão igual. Tem tanta coisa que te fez ser assim que fui eu quem criei que você não pode imaginar.

Que saudade eu sinto hoje daquelas palavras. Que vontade forte de encontrar esse colo de novo. Que coisa mais cruel lembrar tão pouco assim de onde a minha paz reside. Fugir foi a única solução que eu pude encontrar, pra depois concluir que não fugi, apenas me afastei. Me afastei de toda essa sua forma mágica de me dar todas as respostas, me afastei de toda a sua proteção. Eu achei que tinha crescido, porcaria alguma, eu devia apenas ter ouvido. Prometo a mim mesmo que na próxima vez eu vou falar, vou ouvir, mas sempre adio, adio demais. Hoje eu sei, mas não posso falar, tudo aquilo que me corrói.

Se eu só pudesse ouvir, se eu só pudesse deitar, se eu só pudesse parar, se eu só...

sábado, 20 de agosto de 2011

Exagero

É mais uma das vezes que me sobrou tempo demais pra pensar. É mais uma das vezes que o sono me escapa. Eu reflito e chego a todas as conclusões estúpidas possíveis, vejo o tempo passar, mas ele passa devagar, não que eu queira que passe rápido, mas lembre-se sempre que você olhar pro relógio é porque as coisas não estão tão boas. Talvez quando eu acordar não esteja mais olhando pro relógio, a verdade é que as coisas são um tanto quanto passageiras. Eu sei. Eu vejo multidões, me viro de costas, mas não consigo me ver, ninguém está acenando pra mim, eu percebo, é tão triste. Poderia me esconder dentro dessa casca por tanto mais tempo, mas eu coloco apenas o pé do lado de fora, mas acontece que eu estou descalço e os vidros marrons me cortam como manteiga.

Ele disse: "Uns com tanto e outros com tão pouco". Bem, isso é tão relativo, nós somos tão relativos, tão passivos, nós somos pequenos fantoches, e nós sabemos disso, mas não nos importamos que eles nos encostem um no outro e produza o fogo que tanto desejamos. Se ficar complicado demais eu darei a você o meu dicionário, mas o problema dele é que a mesma palavra pode significar exatamente tudo. Se ficar escuro demais eu posso usar outra roupa, se o mundo pegar fogo eu posso me cobrir de água, se um vírus acontecer eu posso correr, eu posso concertar aqueles buracos na lua, eu posso cortá-la pra nunca mais ser cheia, eu posso contornar todas as desculpas, mas ninguém quer que eu assim o faça, quer?



Se eu fosse bom com os números provavelmente saberia melhor como transformar tudo em um x, mas eu não sou, então por que razão você não pára de mentir pra si? É, talvez seja só mais uma das vezes em que eu continuo a pensar, certo? Mas e se não for? Caramba, será se eu posso realmente imaginar o que seria? Eu sinto uma vontade única de... quê? Se eu desaparecer, não é porque eu sumi, é porque eu exagerei demais, como sempre faço.

domingo, 14 de agosto de 2011

Gota de chuva

Eu procurei uma base sólida pra colocar os pés, eu procurei onde me sentar quando o vento bagunçar tudo que está na minha cabeça, eu procurei e provavelmente ainda continuo procurando onde pisar. Continuo a me enganar que é esse o solo onde os meus pés vão descansar, por um minuto eu acho mais fácil esquecer que tudo é um redemoinho a me tragar, mas logo depois eu percebo que o chão está prestes a despencar. Eu encho essa garrafa de emoções até transbordar, ou melhor até quebrá-la completamente. Eu procurei o melhor banco, o mais simples, eu procurei o perfume e continuo a procurar. Eu escrevi a história várias vezes, a mesma história.

Achei que fosse um pouco mais fácil me enganar, mas parece que eu fiquei mais esperto com o passar dos anos. As coisas se tornam complicadas quando nem você mesmo é suficiente, eu continuo a procurar onde pisar. Eu sei que você tem um coração pesado, eu tentei segurá-lo, melhor, eu tentei pegá-lo pra mim, mas eu sou fraco e meus braços são curtos. Continuei a parafrasear todas as coisas que eu não conseguia expressar enquanto essa sensação continuava me corroendo aos poucos até eu nem sei onde. Eu quero demais, quero muito, quero mais do que o bastante, quero o que eu sei que não posso ter, quero o que eu só posso querer.

Coincidência, nada mais que coincidência. Eu tentei te contar tudo que eu pude, tentei te prender o mais perto possível, mas eu não consegui. Eu ainda tento. Abro a caixa quantas vezes for possível, mas você nunca segura a tampa. Pode ser que eu não resista por muito mais tempo, pode ser que na verdade eu queira que você realmente acredite nisso antes que seja tarde demais pra crer que não é preciso muito mais do que um número pra tentar viver.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Braços longos

Me esgotei mais uma vez hoje atrás dessa vontade natural de sempre. Nunca é bom desistir, acho que não deve realmente haver uma hora que seja boa de desistir, provavelmente tentar sempre é bom, não? A questão é que é difícil não desistir. É triste quando você quer realmente uma coisa, muito, sabe como alcançá-la, mas os seus braços são curtos demais? Entende? E você se estica ao máximo, se esgota ao máximo, as vezes parece que está quase lá, quase sentindo, mas nunca de fato, e quando você tenta demais acaba até se afastando mais. Não é simplesmente se esticar e alcançar.

Somos nós mesmos que devemos saber o que nós queremos, certo? Mesmo que nós não saibamos de fato, acho que o que acreditamos é o que deve ser. Penso que o que os meus braços conseguem alcançar é tão pouco, mas talvez eu que esteja tentando segurar a areia de toda essa bela praia azul nas minhas mãos inutilmente. O que então eu deveria fazer? Continuar me indagando? Continuar tentando? Até quando?

Você poderia fazer tudo parecer tão mais fácil. Eu deveria ter crescido mais. Deveria ter braços mais longos. Mas não.

domingo, 7 de agosto de 2011

Não me solte, por favor

Afinal de contas seria bem melhor se a gente tivesse ficado nessa cadeira por muito mais tempo, apenas nos olhando, sem trocar palavras. Afinal de contas seria melhor se eu não fosse muito mais longe do que o seu quintal. Afinal de contas seria provavelmente melhor se você pudesse saber que eu não quero nada mais do que só você. Ainda te conto tudo aquilo que você quer saber sem esconder um detalhe, mas por hora eu deixo você com o que eu posso, infelizmente.

Espero poder descansar nesse sofá com você por todo o tempo que nós acharmos conveniente. Não quero me importar, quero apenas portar. Veleje comigo. Eu não quero me importar. Eu quero muito ter que te abraçar. Segure-me com todas as suas forças possíveis.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Jogue ou puxe a cadeira

Acho que é a única coisa que se tem quando está só. É algo inofensivo e quieto, parado, pequenino, sem forças, mas que não arreda dali de forma alguma. Pode ser uma vontade, um querer, uma força, um sentimento, tanto faz, vai ficar ali puxando e puxando, empurrando e empurrando, quem sabe até quando? Talvez até quando você decidir que é a hora certa de explodir o globo com uma bala certeira. Devia destruir todas essas evidências forjadas. Não sei o que realmente devia...

It feels like shit. É uma porcaria de uma droga, que te vicia e te deixa dependente, inútil, deprimente. O que é então que nós podemos fazer? Se talvez de tudo já tenha tentado, talvez uma apunhalada real sua seria menos doloroso, exatamente no momento em que meus olhos encontrarem o sol. Não vai demorar muito até eu me trancar de novo nesse quarto escuro, pois toda vez que eu saio os raios me abandonam, um a um. Eu não pediria muito.

"Be cruel to me, coz I'm fool for you" ele disse. Nós sentimos muito, mas temos que jogar o nosso jogo. Aparências e faces, enojadas. Jogue ou puxe a corda, agora, por favor!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Aqui está

Eu imagino uma realidade onde só a verdade seria possível. Não sei ao certo se seria boa ou ruim, feliz ou triste, é difícil adivinhar, mas acho que a verdade sendo qual for não te deixa em cima de uma ponte quebradiça prestes a te jogar muito embaixo, onde você talvez não consiga voltar só, de onde você talvez nunca tenha voltado. Mas do que adiantaria a verdade se não existisse a mentira? Do que adiantaria a confiança se não houvesse a traição? O amor se não houvesse o ódio? Eu não preciso e nem quero responder, mas parece que sem mim o mundo quase todo vive muito tranquilo, isso dói um pouco.

Não que eu tenha a pretensão de ser notado tanto assim, mas machuca representar nada. O curioso é que muitas vezes eu escolho o silêncio por não querer me mostrar demais. Contradição me persegue, eu sei. De fato agora eu não queria ser mais aquela sua velha carta rasgada, ou aquela foto esquecida em algum lugar, aquela lembrança negada, aquele cheiro familiar, aquele passado. Só uma vez não ser apagado, só uma vez persistir. Ser uma aposta, eu sei, mas daquelas que você não tenha medo de jogar, porque sabe que o prêmio valeria a pena, daquelas que te fazem querer viver cada vez mais. Só dessa vez talvez o meu romantismo tenha saído um pouco de dentro de mim em busca de ti, e o que eu encontrei? 3 pontos me esperando, impacientes, insensíveis, você não está em nenhum lugar, e nem dentro da minha mente eu consigo encontrar da melhor forma.

Eu repito os versos insistentemente tentando me consolar nas palavras que não são minhas, nem sei realmente explicar o porquê, e já faz tanto tempo. Realmente continuo não me importando se o sol brilhou poucas vezes, hoje aquela criança escondida atrás das árvores te esperou, até anoitecer, até o banco esvaziar, até a última folha ser carregada pelo vento. Provavelmente eu realmente escolha os piores momentos ou não tenha o que vocês chamam de sorte, não sei. Só dessa vez queria que você não me esquecesse, só dessa vez me curasse, só dessa vez acreditasse em mim, só por essa vez. Só dessa vez eu queria, não vou mentir, que você não me esquecesse assim tão rápido. Eu não fechei a porta. Nem tão pouco acho que vou. Você consegue entender?

Eu tenho seus flashs aqui comigo. Mas eles desbotam depressa.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Gelo

Será que é tarde demais? Você dormiu cedo hoje? Eu não faço ideia... Conto os poucos feixes de luz que roubei de você e eles não me contam nada. Odeio ter que um dia ouvir que justifiquei o velho ditado, quando na verdade era diferente, mas só iria parecer diferente pra mim. Seria bom você saber disso tudo, mas não é tarde demais? As luzes já estão todas apagadas. Como um dedo pode ser tão relutante assim.

Acho que é realmente tarde demais. Fechei minhas mãos pra tudo que eu não pude segurar junto, não me arrependo, não, não é de arrependimento que eu falo, eu falo daquilo que poderia acontecer agora. Toda escolha faz outra parecer extremamente correta. Porcaria. A "verdade" vai continuar mais uma vez comigo, enquanto você, pelo visto, permanecerá longe, longe demais. Eu sinto muito. Queria ser apenas uma pessoa o tempo inteiro. Não consegui. Não consigo. Você é cada vez mais bela a cada passo distante de mim. Talvez eu precise realmente aprender a apreciar o gelo antes que ele se derreta.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Do que já não é de se esperar

Limpo depois de um pouco de sujeira. Talvez pouco limpo. Olhar cansado, parado, sem expressão definida. Ele vê duas estradas turvas a sua frente. A sua vontade é de seguir se possível pelas duas, conhecê-las até o fim, ir e voltá-las, "mas quem disse que ele pode? A gente gasta o tempo? Ou o tempo não acaba nunca? Não pro mundo?" Ele pensou. Seus pés iam de lá pra cá sem tomar nenhuma decisão, verdade era que nenhuma decisão até ali na curta vida tinha sido sua. Ele preferia acreditar no que chamava de "acaso". Ele preferia esperar por ele, preferia porque achava que assim não teria que pensar, não teria que se esforçar.

Não demorou muito e as duas estradas foram se fechando, fundindo-se em una, mostrando tudo o que não deveriam mostrar, mostrando o que ele não deveria saber, "Sei demais sobre essas curvas pra conseguir me perder" dessa vez falou. Dessa estrada una, que julgava ele ser um fruto de acaso, surgiu uma figura calma, lenta, que caminhava na sua direção, os cabelos não eram tão longos, talvez pudessem ser curtos, ele não conseguia ver ao certo. Ela tinha uma expressão conhecida, que passava confiança, mas ao mesmo tempo medo, "afinal de contas a confiança não é nada mais que medo" ele pensou. Seus pés agora pareciam querer caminhar de encontro a ela, mas quanto mais caminhava mais a distância entre os dois crescia e mais angustiante aquilo iria se tornando. Ele sentou.

Olhou ao longe, já não era possível enxergar mulher alguma, não havia expressão confiante, nem cabelos regidos pelo vento, tudo que ele via eram seus pés sujos, suas mãos sujas e suadas, suas roupas velhas e desgastadas. Ele correra por horas. "Por que fiz isso?" ele se perguntou, mas não adiantava procurar por respostas, nada supriria a falta que ele não tinha. Tudo que ele precisava era do que ele exatamente não tinha. "Vocês não conseguem entender?" ele gritou ao nada, "Se eu preciso é porque não tenho, então não me mandem procurar dentro de mim mesmo, eu estou vazio, entenderam? vazio!". Ele olhou de novo ao horizonte, ela retornara, vacilante num caminhar em forma de dança, se baixou, o olhou, tentou tateá-lo, ele sentiu frio. Ela abriu a boca, quando ele iria finalmente ouví-la, tapou os ouvidos, não porque não quisesse ouví-la, mas porque saberia o que ela iria dizer, e não era melhor imaginar a voz dela dizendo outras coisas? Dizendo que tudo estava bem? Dizendo que ele tinha escolhido a esquerda ou a direita? "Tarde demais" ele se lamentou. Se virou. Quietou. O que chama de acaso, logo irá voltar, mas não espere que ele te abençoe ou te sirva com o melhor que possui.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Bicho

Nunca realmente imaginei como seria, mas nem realmente sei se é o que é, de qualquer forma, entre o pior e o melhor, sempre iremos escolher o pior. E com o tempo extra, diferente dos filmes, é claro, não vejo o que fazer, isto é, não prego os olhos, mas reviro na cama atrás dele, o sono, infinitamente, não consigo encontrá-lo. Na verdade, bem nem sei o que procuro, muito mais abro os olhos tentando encontrar um alvo difícil de encontrar e persegui-lo até onde eu me frustrar novamente. Meus olhos continuam abertos, eu poderia expressar isso de outra forma, mas só consigo aqui, me escondendo, sem saber realmente se consigo.

Nós temos duas opções de olhar as coisas, uma nós olhamos pra determinada coisa e simplesmente a simplificamos, não pensamos aonde ela nos irá levar, aonde não irá, não pensamos em mais nada, apenas no cru e sensível da situação. No outro olhar nós pensamos em tudo que foi mencionado, nós paramos e vemos que aquilo poderia nos levar a caminhos totalmente diferentes. Esses dois olhares permanecem se conflitando. Talvez o segundo não seja tão saudável, então o primeiro irá levar você até onde você se torna um cético na vida, crítico demais pra perceber que nem tudo se trata de estar perfeitamente adequado para você.

Minhas palavras são fracas, pobres, feias, cruas, não atraem. Eu estava prestes a escrever "me sinto" mas na verdade não sinto droga alguma. A verdade é que eu só não queria ter que ser, só queria virar bicho.

sábado, 9 de julho de 2011

O que poderia ser

Alguém tocou meu ombro hoje, me puxou de leve, não era estranho, mas não poderia chamar de um tão bem conhecido, alguém amigável. Me apontou, apontou ao céu, abri o som dos meus ouvidos pro mundo e segui a ponta do seu dedo que guiou meu olhar até a imagem da lua em eclipse, aparecendo aos poucos, se enchendo aos muitos. Senti uma vontade contrariada de me paralizar e admirá-la por quanto tempo eu pudesse continuar, mas verdade é que não pude, não porque realmente não poderia, mas porque no mundo onde eu vivo você não deve ficar parado, você deve andar, não, você deve correr, correr, corra garoto, corra, ou eles irão tomar tudo antes de você.

Eu poderia transformar aquela imagem em tudo que eu quisesse, ela me inspirou, verdade seja dita, as palavras saíram fáceis, os acordes se juntaram, mas ainda não me exibem, não como eu quero, talvez minha alma ainda não consiga sair em cordas, mas por enquanto permaneço aqui e comparo a lua a essa sensação pertinente que eu tenho de que nunca consigo dizer adeus à você. Você sempre se vai do nada, some, desaparece, não some de fato, mas evapora, e eu nunca sei se realmente vou te ver de novo. Como julgar essa sensação até agora eu não descobri, navego na minha mente, ela hoje está especialmente leve, está livre, pronta pra me jogar onde eu quiser, pronta pra me mostrar que a carne nada mais é que a carne, pronta pra me mostrar que o meu mundo não é nada mais nada menos que a minha cabeça.

Mas eu não vejo suas costas indo embora, não vejo o fim, não vejo o começo, não vejo o meio, vejo fragmentos, e você não pode dizer adeus a fragmentos, você não precisa, eu não preciso, o que eu faço é diferente, eu tento juntar todos esses fragmentos e tento montar uma história, mas o máximo que eu consigo é uma fantasia. Não me frustro, pra ser sincero histórias cronológicas demais não são histórias reais, são invenções, a vida não tem meio, não tem começo, não tem fim, como eu saberia qual é cada um desses, é uma coisa tão variável. De fato eu sou um enorme prédio, velho, desbotado, mas daqueles que você vê e tem carinho apenas pela presença, porque esteve lá o tempo todo, talvez você sinta falta quando aquele novo prédio espelhado surja e você possa ver seu reflexo, mas o fato é que sou justamento um prédio desbotado porque cada um pega uma pequena parte minha, pequenina, enorme...

Esqueça tudo o que eu já disse, não quero montar seus fragmentos, não pretendo nada, de verdade, a única coisa que me satisfaria seria justamente não ter que ter que te dizer o que seria, seria apenas por ser. Natural. Mas esconda-me onde você quiser, guarde-me, alimente-me, não sou mal, nem bom, sou um velho prédio, ou um prédio velho.
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Se alguém ainda lê o blog, dê um sinal, é tão chato escrever pra ninguém.

domingo, 12 de junho de 2011

Doce amiga

Ela realmente não pede licença, ou talvez eu já a tenha deixado muito familiar a ponto de se sentir em casa. Ela é persistente, sempre acaba me dominando, me invadindo e me dizendo tudo o que eu não quero pensar, muito menos lembrar. Eu tento fechar os olhos, mas eles parecem funcionar com minha mente que teima em permanecer ligada. Ela me joga no canto e me deixa ali calado, eu devia dizer alguma coisa pra talvez tentar afastá-la, a verdade é que talvez eu nem queira fazê-lo. Em particular, eu gosto das minhas lembranças, algumas são como filmes interessantes de se ficar vendo e revendo.

Eu queria encontrá-la, controlá-la, dizer a ela que não pode aparecer assim tão de repente, tão frequentemente, ou dizer que eu gosto da sua companhia, mesmo enxergando a eminente contradição. Sem dúvida ela iria relutar em me abandonar, iria refletir o motivo de eu estar renegando-a em certos momentos e em tantos outros suplicar por a mesma. Venha cá, sirva-se de mais um copo d'água, essa é uma boa maneira de se pensar sobre o que dissemos um ao outro. O corpo faz promessas que a mente não consegue cumprir. Meu dia acaba e inicia, eu só não entendo quando. Mas ela é persistente e daqui não há de partir.

Eu então fico quieto, sem palavra, apenas admirando-a, talvez eu devesse admití-la dentro de mim, mas os que fizeram, disso se arrependeram amargamente e do lado deles eu ainda não vou estar por enquanto. Pois bem, se assim que queres, assim será, deixo você cá, perto de mim, sem reclamar, faço do meu chão o seu, só não me abandone também, pois se da solidão não posso ter companhia, do que hei eu de viver?

Leia-me com seu melhor sabor.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Preto e branco

Cá estava eu repousado na minha alta cama, comprada aos custos de não ver por onde veio, lendo as memórias de algum autor reverenciado exaustivamente, quando interrompo minha leitura pelos versos a traduzir de um bom cantor folk que aflorava meu quarto. Devida a idade já avançada daqueles versos consegui por uma fração de segundos imaginar-me inundado no passado, 1900 e o que eu quiser ver.

Mas caí na bobagem de olhar para o lado e me deparar com meus aparates de conexão global, e vi que não estava mais nas décadas onde as coisas parecem mais simples ao discurso daqueles saudosistas, e até ao discurso daqueles que nem projetos ainda eram. De repente me forcei a ignorar computador, e tudo o mais que me ligava a esse século desprezível, como que sem entender imaginei meu quarto em preto e branco. Estranho, pensaria você meu leitor imaginário, mas eu digo que quem sabe as coisas não eram preto e branco? Quero dizer, qual seria a importância em saber diferenciar e sentir um dia ensolarado e um dia nublado? As cores estão aí, ao nosso redor e muitas vezes desprezamos.

Mergulho novamente na minha leitura, embarcado pela vontade de viver no tempo em que não me pertence, mas na minha consciência sei eu que essa ânsia de décadas passadas é só essa mania incontrolável de fugir de tudo que é seu, da sua realidade, é só essa mania suja de ignorar que você não será colocado em nenhuma prateleira. Olho pela janela e vejo que os urubus nada se importam com meus devaneios, mais uma vez sinto inveja, mais uma vez não quero ser eu.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Correção

Menos de um ano, ele espera, e é fácil, fácil julgar, fácil idealizar, sentar-se e esperar. Fácil demais observar e conceituar si mesmo sobre tudo. Há tempos ele quer fugir das relações que não são nada mais que falsas projeções.

Fugir não, encontrar-se. É preciso tentar ser o máximo que você possa ser. Eu não sei quando é o fim. Ele ainda está aqui. Somos todos partes de todos.

Não espere que eu me deleite ao seu lado. Já não obedeço a nada mais.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Há lá de cá

Estranho garoto esse que ninguém consegue ouvir a voz. Talvez ele tenha problemas sérios, ela disse, mas o resto das pessoas já sabiam que nada mais havia dentro daqueles profundos olhos cinzentos. A sua mochila era pesada e cheirava, cheirava a todas as suas experiências até ali, tinha atravessado a si mesmo durante noites a fio, estava agora a beira do rio negro que grudava suas juntas.

Cheio de promessas e lembranças ele simplesmente não era mais a peça que costumava ser, mais uma noite e pode ser que não se lembrem mais dele. Ele se chamava por um nome que ninguém pudesse achar que estava escrevendo sua própria história. Ele os odiava, mas precisava do ódio pra sentir-se vivo. Ele não tinha coragem.

Que estranho garoto aquele ali sentado, parado, mudo, quieto, os olhos não negam, ele já se foi há muito tempo.

sábado, 16 de abril de 2011

Soltar todas as amarras

E é à mim que você recorre agora? Agora que você acha que eu ainda estou aqui? Sou eu que devo ir ou não? Não sinto nenhuma árvore ao meu redor. As substâncias que queimaram não serviram de conforto. É agora? Eu deveria mesmo tentar entender tudo isso, ou simplesmente ignorar? Guie-me.

Eu volto quando tudo estiver pronto, não se preocupe, o que você acha que é fim, pode não sê-lo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mais uma moldura, menos um quadro

Mais alguém com uma desculpa qualquer, que vai fingir vir aqui, fingir entender e depois vai sair. Vai inspirar o meu pulmão, mas quando expirar vai me derrubar no chão sem ar. Mais uma vez a verdade me escapa. Eu sonho o dia em que vou ouvir de verdade o que vocês pensam.

Queria muito não ter deveres antes mesmo de eu ter nascido. Obrigado, volto a ser uma aberração.



Seus pensamentos começam a sangrar.

domingo, 10 de abril de 2011

Olhos quietos, calma aparente, sorriso de cabeça baixa

Se você já previu o que vai acontecer amanhã, então a notícia não é boa. Sei que o que a gente quer é só prazer, mas a dor persegue ao passo que o prazer foge. Veja só você como é estranho não ver sentido em absolutamente nada. Veja só como é fácil uma semana se passar e tudo que deveria ser concreto, virar abstrato. Não existem valores.

Acordei e procurei sentir a diferença do dia de hoje. Seria bom voltar a ser centro do universo, eu pensei, abri a porta e vi que eu estava ali. Mas por que então eu não senti diferença? É uma dessas coisas que não adianta você fugir no espaço nem no tempo, está tudo dentro de você mesmo. E eu procurei você por todos os meus cantos, infelizmente eu não encontrei, não onde eu deveria ter encontrado. Eu procurei todos vocês e percebi que não deveria fazer isso.

Tentei dormir de novo, mas meu corpo me falava o que minha mente não queria ouvir. Eu nunca mais vou te ver. Coisas que eu deveria ter feito, coisas que eu não deveria ter feito.

terça-feira, 29 de março de 2011

Sua alma

Não há como controlar quando olho. Na verdade seria bom se sentir assim todos os dias, inocente e despreocupado, mesmo enquanto o mundo todo chove ao seu redor. Existe mais que o seu dia começando tarde ou cedo demais, existe mais do que você acha que não conhece, existe muito mais do que os seus olhos, pequenos, miúdos, bonitos e belos que me fitam e tentam descobrir se eu sou quem digo que sou.

Quando para-se por um pequeno instante de questionar, as coisas entram mais em linha. Sabe o que é bonito nisso tudo? Que você nunca escolhe, simplesmente acontece, como se o acaso te escolhesse, te escolhesse pra colocar lá, muito embora essa paz momentânea produzida pela sensação de te ver na minha imaginação ao som de uma música tranquila seja como o pó que não resiste ao mínimo de perturbação. Pudera eu arrancar você de dentro dessa ostra.

Excepcionalmente hoje eu poderia e faria o que fosse preciso pra ver a verdade. Excepcionalmente hoje, você me conheceria. Excepcionalmente hoje eu roubaria você do fundo do mar por uma madrugada qualquer, sairia a estalar as estrelas, contar as canções, fumar as flores e sentir o seu cheiro, não o seu perfume, mas o seu cheiro. Hoje eu estou em paz no meio da confusão de mim mesmo. Hoje eu não tentaria, hoje eu simplesmente acreditaria.

A quem mais ainda tenta extrair do nada o ouro que eu vejo na sua alma.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Um dia

Olha só como é. Um dia você ainda cansa. Um dia ainda aprende. Um dia ainda anota todas as lições e simplesmente não se move mais. Um dia você não vai mais nem acordar. Um dia você não vai entender porque a tendência só vai pra onde você não quer. Um dia você vai chegar a mim. Um dia vai ser um dia. Um dia você vai ter coragem de falar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O poder de ler mentes

Escrevo aqui e agora no auge de toda essa farsa, desses sorrisos que nunca foram roubados e simplesmente oferecidos. Como os sorrisos terminam? Como eles acabam? Não é possível algo bonito terminar de uma forma bela também. Os sorrisos acabam, o que é belo acaba e você acabou de ignorar esse fato simplesmente porque sua cabeça assentiu. Sinto o mundo se distanciar cada vez mais enquanto meus pés estão aqui no chão. E eu continuo a falar pra ninguém.

Por que você está sorrindo? O que vocês estão falando? Como vocês conseguem? Por que? Eu posso morrer, desaparecer, surpreender ou viver? Qual será a nova síndrome que você vai me atribuir, obrigado, e até mais.

Meu sangue não é azul. Sinto muito, meu sangue não tem cor. Meu sangue é negro, ele se perde, sem força na água que é o seu universo.

Prefiro que você leia a minha mente à ter que ler a sua.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Hum

O fogo cairia bem hoje. Desisti de todas as poesias. Desistiram de mim. Eu desisti. Desisto hoje, desisto agora, desistirei, adio e finjo que não consigo. Por que simplesmente não se importar?

quarta-feira, 16 de março de 2011

O retrato

Acho que ele estava certo em dizer aquilo, é uma pena tudo já ter sido feito antes mesmo de eu pensar sobre. Ainda odeio o fato de vocês me controlorem com um simples olhar, eu viro o perseguidor, de vítima passo a assassino, é sempre ruim demais ser deixado pra trás, é sempre ruim demais não conseguir fazer o que quer, deveria fazer, e por aí vai.

Eu, você, eles, inventamos infinitas condições e assim nós seguimos, seguimos aparentemente tranquilos e tudo o que precisamos é imaginar e acreditar no destino. Aceitamos esse fardo, esses ditados, esse modo de agir, toda essa enorme e incansável história de que tudo está escrito, escrito por quem? Só uma vez as mentes normais se tornariam insanas.

Me resguardo aqui enquanto peço uma chance secretamente de ser o retrato.

domingo, 13 de março de 2011

Mais uma vez

Nós definitivamente somos atores esperando pelas nossas próximas cenas. Tudo que nós queremos é a nossa chance de aparecer, embora um dia tenham dito que seremos cortados desse filme, ele não vai acabar, mas vamos simplesmente desaparecer, porque o filme nunca acaba. Nós definitivamente não sabemos como atuar então seguimos como figurantes nesse pedaço de merda de história.

Você sorri achando que tudo é a imitação do que vive, mas quem te garante isso? Nós definitivamente seremos cortados um dia e isso não será bom. A azia que me cutuca não é o bastante pra eu parar de divagar sobre absolutamente nada. Nós só queríamos atuar de maneira diferente, original, mas o diretor que nós não conhecemos sempre repete as histórias. Porcaria o clichê sempre nos vence.

Ele mais um vez venceu.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Velhos demais pra voltar atrás

Estamos ficando velhos e é só. Quando eu vou desistir disso? Não sei. O estranho é ainda ter ou achar ter o que falar, escrever, citar, ditar. Nós sentimos muito, mas não conseguimos ser o que vocês mais desejaram enquanto os seus venenos nos encharcavam de tudo que há de mais ruim e impuro, de toda a desconfiança, medo, temor que não deveria estar aqui.

Sinto falta de nós mesmos em alguns momentos enquanto a fumaça rega tudo aquilo que nós achamos ser legal demais, diferente demais, enquanto o mundo vai e nós ficamos, enquanto permanecemos estáticos, se questionando, tentando ao mesmo tempo responder, tentando ser algo mais que fantoches, mas nós terminamos sentados, sem música, sem luz, sem nada, apenas com nossas mesmas faces encaradas no reflexo do outro.

Estamos ficando velhos e tudo o que nós fizemos já foi feito. Estamos envelhecendo e tudo o que não fizemos não parece possível de se fazer. Estamos chegando ao momento em que tudo não se move e o nada começa a fazer sentido.

Estamos ficando velhos e é só.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu achei que tinha visto

Você me fez fumar 2 cigarros, eu não ouvi o desabafo de ninguém, nem muito menos uma palavra sequer, apenas algumas reclamações inúteis sobre o fato de alguns dias não terem sentido. Acho que a sua mente se vai ao deixar as palavras saírem, você pode ser seu próprio glóbulo branco de pensamentos inoportunos, os que te perseguem. Eu não diria que estou confuso, mas também não diria que sei realmente o que quero. O mais certo é deixar.

Algumas coisas me deixam atônito ao pensar nas chances, no quão eu não pude ter feito aquilo, no fato de eu achar que estar decepcionado é ter tentado. Incrível é ainda ter o que escrever sempre, é surpreendente se achar o centro do universo, mas isso talvez mesmo que contraditório é um mecanismo de defesa, estejamos no centro protegido de todos os problemas externos, indefesos contra os próprios demônios.

Eu queria que você me dissesse porque existem tantas desculpas, eu queria ouvir o que eu não espero as vezes, também queria que tudo parasse de ser assim, determinado, preditado, nós somos livres teoricamente, que exercício temos disso? Estanho é tentar, tentar e não sair nada, merda se a única chance de se sentir vivo parece tão longe, como é que alguém pode viver até lá? As coisas são escolhidas da pior forma a alguns olhares momentâneos.

Que queimem as fotos.

domingo, 6 de março de 2011

I miss the last bus, you take the next train, I try but you see it's hard to explain.

Parece que somos sempre esquecidos, esquecemos de nós mesmos, e mesmo quando não precisamos de ajuda, as pessoas fazem isso por nós, esquecem de mim...
Que coisa estranha, esquecer de compromissos, de retornar aquela ligação, de mandar a mensagem, a única coisa que podiamos esquecer era de nós mesmos, nunca dos outros, e esse texto fica aqui, pra ser esquecido, e por eu esquecer o que dizer.