sábado, 31 de dezembro de 2011

Talvez esteja adiando demais o fim

Algum dos seus órgãos dói a ponto de danificar sua expressão? Mas não fisicamente, se é que você consegue me entender. Dói a ponto da sua garganta não mais funcionar? E os espinhos de gelo te cortam com todo o frio da solidão enquanto você assiste tudo silenciosamente? O que então fazer? Nada pra me falar? Nada novo outra vez? Bem, estive pensando e quase sucumbi aos pensamentos. Não dá pra controlar tudo, não é mesmo? Então porque você não se aproxima e conversa comigo? Me pergunte algumas questões interessantes, me faça parar de pensar.


Perdão destino.

Ouvi dizer que somos movidos a dor ou prazer. Fugimos da dor em busca do prazer. Será se eu poderia reduzir tudo a uma simples equação? 3 dor - 2 prazer = 1 dor? Em que ponto as coisas caminharam até esse estágio? Quisera eu poder escrever novas conclusões, mas sendo sincero acho que só preciso de espaço pra deixar todas as frases que me doem aqui escondidas, calmas, descansando. Talvez eu devesse largar essa cruz, ela já me dói demais. Ah que dor.

Bem, não sei exatamente o que vai acontecer amanhã quando abrir meus olhos. Dei duro tantas vezes pra que as coisas fossem diferente. Sei que pareço distante, zangado, sumido, calado, maduro, sei disso por tanto ouvir. Entretanto eu não sou nada disso e é tão difícil fazer alguém acreditar nisso. Queria tanto poder despir minha armadura. Imaginar que enquanto escrevo tantas outras pessoas estão a exatamente essa hora inundadas do que elas procuram. Porcaria, sou só mais um panfleto enjoativo que você pegou na rua leu, amassou e agora enfrenta a chuva nessa lata de lixo. A poucos passos de esse papel se desmanchar para sempre.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Se é que há alguém nesse imenso universo que nunca se comunicou consigo mesmo que leia até a última palavra

E se eu pudesse ter um superpoder porque não escolheria poder parar o tempo? Definitivamente eu faria isso. Pararia agora mesmo o tempo e faria tudo aquilo que eu quisesse. Não teria mais que me preocupar em perder o brilho que perdi em tantas coisas que deixei passar. Eu pararia o tempo agora mesmo. Caminharia pela noite fria, deserta, sem medo andaria. Se eu pudesse assistiria todas as cenas em que agora só estão na minha cabeça. Todas suas salas de jantar. Suas tvs ligadas e computadores conectados. Assistiria sua atenção. Desenharia seus detalhes. Eu escolheria exatamente quando o tempo deveria passar ou não.

Controlaria as horas e os minutos. Tentaria não perdê-los. O que faz especial um momento? Nunca mais dividi minhas camisas. Minhas ironias não são tão usadas agora. Meus planos falharam e continuam a falhar. Pararia o nosso tempo, escolheria o brilho dos olhos que eu nunca vou querer deixar de enxergar. Não me preocuparia tanto. Nós pararíamos todas nossas obrigações, nós não seríamos nada além do agora. Sei que minhas linhas são tristes e depressivas, mas andei pensando quanto a isso e não sei se é realmente um problema, certo? Talvez se pararmos e pensarmos a tristeza acaba sendo mais importante que a alegria.


Assistindo a uma tv de tela grande

Meu tempo se vai agora, ali, aqui, ontem, hoje, amanhã e sempre. Não percebemos, mas o tempo é algo realmente importante. É, ele te devora. Eu sei que tantos outros já te disseram isso, e que você não se importa de mais uma vez abrir a porta para eles, porém eu não consigo entender o porquê. É realmente isso só uma fase? Qual o objetivo de tudo já que passamos apenas por fases? Continuo esperando as linhas se preencherem com o que você tem de melhor. Eu grito. Em vão. Ninguém ouve. Espero ter ajudado alguém. Espero que alguém tenha parado e pensado. Espero. Espero muito. Muitos não percebem mas o que fazem afetam tanto os outros. Pudera eu parar o tempo e ir até onde eu pudesse descansar minha alma. Um banco. Um anoitecer. Um sol triste. Uma água que repete um caminho e nada além do som da natureza.

sábado, 24 de dezembro de 2011

O que há agora no seu lado?

Parafraseando alguém, eu não sei se amadureci, mas certamente envelheci. Revejo algumas pessoas e elas parecem tão velhas, parecem tão conformadas e uniformes. Como se tivessem desistido de tudo que um dia transparecia e seguido pelo caminho mais fácil. Me desespero, porque não sei se não estou no mesmo caminho. É péssimo se sentir só. Acho que meu idealismo me leva longe demais, no sentido de exageros. Não me leve a mal, eu não forço nada, apenas tento levar as coisas como acho que devam ser. Sem ação ao ver velhos companheiros do passado. Meus fantasmas me assustam. É realmente difícil enfrentar o ninho do qual você tanto correu.

Eles não mentiram quando disseram que eu veria sua face tantas outras vezes em tantas outras pessoas. A quem se acudir? Não tenho direito de reclamar da solidão e muito menos de nada porque sei que de todos eu sou o mais culpado. Eu poderia me deixar levar, mas me assusta a chance de ter que atravessar esse rio de falsidades mais uma vez e assim me sento nesse velho banco enquanto assisto o tempo passar. Pra onde nós vamos? É, bem, não se isso vai importar.


Talvez haja um Deus lá em cima
Mas tudo que eu já aprendi sobre o amor
Era como atirar em alguém que desarmou você
E não é um choro que você pode ouvir de noite
Não é alguém que viu a luz
É um frio e sofrido Aleluia


Meus dias estão passando, meus natais estão passando e eu não tenho nada pra falar, a não ser um monte de inconformidades, reclamações, observações inúteis que não chegarão ao ouvido de ninguém. O que mais a gente pode fazer? Tô cansado de segurar essa espada, armadura, escudo tão pesados. Não sei até quando nós vamos continuar assim. Como eu queria atravessar esse túnel escuro e frio com a certeza que veria seu sorriso no final. Como eu sonho com a verdade. Como eu queria a verdade. Como eu me frustro tão fácil. Já chega, não é mesmo? Tudo bem. Tudo bem. Tudo bem. É tudo que eu vou poder dizer.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A prisão do óbvio

O que você me pede é demais. Sinto muito não poder te atender. Sinto muito não ser como eu quero, ou sinto muito querer tudo apenas da minha maneira, mas verdade seja dita, a maneira que eu exigi não é nada além de um pouco mais de amanhã. Achei eu, inocente, que poderia jogar esse novo jogo, porém, ainda vivo sob as velhas regras. O seu jogo é difícil, complicado, complexo, dinâmico demais, muda tanto. Eu tenho um coração cansado demais. Eu não saberia o que fazer na próxima manhã que precisasse dos teus sons e não os ouvisse mais ou tivesse que imaginá-los ecoando por outras tantas orelhas sedentas a fora.

O que eu te pedi foi demais? Provavelmente, se nós encararmos que você não pareceu a disposição de se esforçar. Você me pergunta as perguntas das respostas mais óbvias possíveis que qualquer um enxergaria em poucas palavras. A solidão tem sido conselheira. Algumas vezes tento me focar apenas nessa vez, mas eu sou assim, vou querer ver seu encanto mais uma vez e mais uma e o máximo que você me dará será a sua sombra. Eu nunca tomei uma decisão tal como essa e pra tomá-la tenho que todos os dias acordar e me convencer de que o que eu faço é pro melhor ou é o certo, afinal não é o que parece. Você, sem nenhum motivo, me desmonta e me monta como quer.


Todo dia cometo os mesmos erros
uma vez mais me encontro no mesmo velho lugar
estou vagueando pensando onde virar
não há saída na frente
leve-me pra casa

Me diga você sabiamente o que eu deveria fazer? Eu posso prever sua resposta. Entretanto, meu perdão, é uma resposta egoísta. De qualquer forma, não deveríamos fazer tudo que quisermos? Que temos vontade? Que dúvida lacerante. Poderia resolver ou estragar tudo com simples cliques em botões, que realidade medíocre. Me diga você que conexão é essa que nós entramos? Em que universo nascemos? Em que era nos criamos? O que houve conosco? O que houve comigo? O seu grande problema é que ainda enxerga tão perto. Essa areia sob seus pés é tão importante quanto esse mar gigante que te seduz. E eu, sem notoriedade alguma, sou apenas um grão de areia abaixo dos seus pés. O óbvio acontece.

E você disse não haver nada que não poderia fazer
e eu respondi que não há nada nesse mundo que eu precise que você faça
somente me segure em seus braços
eu sinto frio
há uma reunião de nuvens escuras
leve-me pra casa

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tape os ouvidos

Frases feitas e jogadas em um grande barril de lixo dos anos 70. Não há estilo algum que te salve. Nem penteado. Não, nem as frases prontas que você roubou daquele velho seriado. Não há piada. Não há bebida ou fantasia provável. Não há personalidade, história, coincidência ou destino que te salve. Você se perdeu. Se deu conta. Ou perdeu a própria conta da solidão e está aqui agora perdido no que eles chamam de "a melhor época da nossa vida".

Será se paguei as entradas erradas? Se comprei as mais baratas? O meu tempo é mais curto? Eu não tenho altura suficiente? Esse parque foi abandonado? A energia acabou? Será se deu realmente tudo errado? Por que não consigo encontrar uma face sequer presa nesse grande e sufocante ambiente? Consigo apenas ouvir a solidão cochichar certezas inefáveis que me perturbam por vários instantes. Alguém aí sabe o que está errado?


Eu vejo pela minha janela tudo que eu não consigo entender. Se eu ao menos pudesse enxergar dentro de ti. Se nós não usássemos palavras.

Você já esticou os braços pra apertar a ajuda e apenas encontrou o vento? Você já tentou fechar os olhos e sentir algo além do som do ambiente? Você já sentiu a melancolia desse céu azul escuro olhando na sua direção? Sentiu o ar esfriando enquanto as árvores parecem bailar com o vento? Já esmagou todas suas lembranças e as ferveu até não sobrar sumo algum? O que foi que você fez afinal de contas? Que histórias você pode me contar? Me diz, por favor. O certo é que no mínimo uma companhia não deve lhe faltar desde o dia da sua existência. Corra da solidão. Encontre a porta. Me leve com você. Não me escute.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Tudo mudou

Vou tentar falar de outras coisas, tá ok? Vou tentar me calar e ouvir, tá ok? Vou tentar sentar e fingir prestar atenção no que eles dizem, tá ok? Vou tentar, eu vou tentar e tentar e você não vai saber e nem de longe vai pode sonhar sobre isso. Modularei tudo que está aqui dentro de mim pra ver se consigo satisfazer o que você procura, porque parece tanto que é disso que eu preciso, sua satisfação.

É, tá bom, eu sei, é um tanto complexo tentar agradar tanto. O segredo, entretanto, eu acredito, não é agradar, mas pelo menos demonstrar que foi essa a intenção. O melhor agrado é a intenção. Ando vendo meus cabelos caindo, meu corpo se perdendo em pequenos pontos e de certa forma isso é apavorante. Por que motivos é que nós envelhecemos? Eu deveria aceitar como um fardo da nossa biologia e caminhar, mas não dá pra simplesmente acreditar que o futuro é melhor se tudo o que eu faço é olhar pra trás. O futuro só me dá medo.


"Como uma árvore cortada"

Eu envelheci demais tentando te agradar? Ou pra justamente te agradar eu tive que envelhecer? Não sei onde foi parar a minha cabeça há anos. Mas sinto que tenho tomado cada vez mais esse líquido precioso que vocês gostam de chamar de consciência. E ele faz mal. Bem que não sei aonde quero ancorar, verdade é que prefiro não ancorar deixa o vento levar esse barco velho, quem sabe o desabe, desmonte e nós nos perdemos num dia quente ensolarado e salgado qualquer.

Não quero que sejamos nada além de nós mesmos. Não quero que você me conte nada além do que realmente mora dentro de você. Não quero que você mude. Eu não quero conhecer sua outra forma. Não quero que nada mude. Sinto muito. Tudo mudou. De novo e de novo e mais uma vez. Oh não.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O problema é seu

Vi sua face hoje e, deus, como eu queria não ter visto. Me trouxe tudo o que eu guardo aqui nessa gaveta bem arrumadinha, trancada que ninguém deve abrir. A gente se conforma tão fácil não é? Anos atrás você queria mudar o mundo e hoje em dia você tenta mudar a si mesmo e sabe, ou pelo menos acredita, que isso já é impossível, o que dizer do mundo? Costumava acreditar tanto no amor, ainda acredito, mas infelizmente eu vi que as pessoas o usam tão mal, vi que usamos tão mal. No mais, é certo que ele ainda pode ser força a mover montanhas.

Acho que no fim das contas ainda quero mudar o mundo, mas parece difícil pensar no mundo quando não param de surgir tantas incertezas subjetivas. Nós devemos fazer tantas revoluções. Eles criaram os monstros que nos dominam sutilmente enquanto nos prendemos cada vez mais às nossas cadeiras e aos nosso quartos. Você foi como aquele ideal que sabemos, é utópica, mas que também sabemos que se deve acreditar, perseguir, tentar alcançar. Você me mostrou sua utopia, me fiz acreditar, me pedi para tentar alcançar, mas o seu idealismo é tão falho que me falhou.


"Querida, sera que eu nao posso estar errado?"

Não quero culpar a ninguém. Chega de culpas. Nós todos somos culpados e ponto final. Ver sua face é como colocar a mão sobre o fogo, quanto mais tempo meus olhos permaneciam sobre você mais eu ia me destruindo por dentro, como a mão que queima progressivamente sobre o fogo. Talvez seja esse o motivo de eu acender tão pouco essa fogueira, ou melhor, de eu tê-la apagado. Deixe de ler as entrelinhas, de procurar coisas onde não existem, por que tudo tem que ser assim tão difícil? Mais cedo ou mais tarde você irá se tornar como eles todos. Na verdade, acho que essa é minha torcida, pra que assim eu me reconforte e não acredite que o problema era comigo, mas com eles, como sempre o foi.