quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Extremismo.

O problema é ser complexado demais. O problema é esperar demais. O problema é gastar muito tempo. O problema são tantos. As soluções podem ser só uma. Eu sei qual seria, mas com uma solução, mais um novo problema surge. Como conseguir alcançá-la? E todo o ciclo se reinicia. Nem anestesias são mais permitidas. Me dê um dia calmo.

Você precisa acreditar que eu tento nunca mentir. Talvez seja esse o ponto fraco, talvez seja isso que abre a vulnerabilidade, e faz de tudo um espeto perfeito e pontiagudo. Atingido por qualquer variação de estado. Exagerar. Complexar. Os extremos, nunca o médio. E assim deve ser.

'Coitado! que em um tempo choro e rio;
Espero e temo, quero e aborreço;
Juntamente me alegro e entristeço;
Du~a cousa confio e desconfio.

Voo sem asas; estou cego e guio;
E no que valho mais menos mereço.
Calo e dou vozes, falo e emudeço,
Nada me contradiz, e eu aporfio.

Queria, se ser pudesse, o impossível;
Queria poder mudar-me e estar quedo;
Usar de liberdade e estar cativo;

Queria que visto fosse e invisível;
Queira desenredar-me e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo!"

Camões


I wanna be adored.

sábado, 25 de setembro de 2010

Eat me.

Não ser esperto o suficiente para tentar. Exaustão te consome. Queria poder ser mais direto e com minhhas palavras fazer-me claro, entretanto é complexo e arriscado demais se abrir tanto assim. Mesmo que seja bom enxergar dentro de outros, o que se vê dentro de si, não é saudável servir de instrumento. O uso resulta em desgasto, o desgasto resulta em desuso.

A mente luta o tempo inteiro por respostas e mesmo assim, mesmo o tempo inteiro na mesma atividade, não é sagaz o suficiente para deduzir coisas tão simples e óbvias. Todos esses detalhes mínimos depois de esclarecidos e juntados fazem sentido. A verdade é que o que você quer, eu quero ainda mais, porém, não posso deixar acreditar-se nos contos intermináveis. É preciso sentir agora, não depois, é preciso sangrar agora, queimar-se agora.



Não tentar ser o que acha que deve ser. O gosto é melhor quando é real, natural.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sem tempo.

"(...)Deseja ter a vida prolongada
Chorando do viver a despedida;
Com grande saudade da partida,
Celebra o triste fim desta jornada.

Assim, Senhora minha, quando via
O triste fim que davam meus amores,
Estando posto já no extremo fio,

Com mais suave canto e harmonia
Descantei pelos vossos desfavores
La vuestra falsa fé y el amor mio."


O que não existiu. O que você acreditou ou acredita é verdade? O que é preciso pra se tornar verdade? Depende de muito. Me pego a pensar e vejo que o que se acha hoje é o que se esquece amanhã. Muito do que é creditado será apenas um drama. O que podia ter existido talvez seja uma maior angústia. Jogar tantos jogos cansa rápido.

Vai ver nada é real, tudo é relativo. Mas se assim for, por que pensar? Por que existir? Isso não é real, aquilo não é real, nada é real. Desaparecer poderia ser tão mais fácil que fazê-lo aos poucos é muitas vezes adotado quando não se sabe mais como tentar de outra maneira. Matar-se lentamente, suicidar-se aos poucos, flagelar-se aos instantes, evaporar-se. Não jogue tanto, eu estou aqui.



Deixe de lado os erros. Nada é real. Abra-te.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Você sabe que eu sei que você sabe que eu sei no que você está pensando.

Ontem eu acordei triste. Não conseguia encontrar motivos aparentes, era apenas algo interior, não sei se em excesso ou em falta. O frio me seduz e me repulsa na mesma instância. Tão fácil as coisas poderiam ser e tão difícil elas são. A lei das probabilidades brinca comigo de todas as maneiras possíveis e cá estou. Destino meu amigo, você diz coisas estranhas. E as promessas ainda continuam sendo quebradas antes mesmo de serem feitas.

Eu encontrei aquilo que estava procurando, depois de todo esse tempo atrás, e como o velho clichê talvez não tenha acontecido nada do que deveria ter acontecido. Talvez ainda não está em tempo. Provavelmente deixar é o que se pode fazer. Não sei se isso tudo é uma fuga, uma busca, um objetivo, uma meta, um gol, eu não sei. Não sei se o que eu quero é o que acontecerá, não sei de absolutamente nada. Apenas sei do que é efêmero.

Desejar sentir os pequenos gostos, as pequenas sensações, desejar e ver concreto, estar perto e longe, conversar sem saber o porquê, calar-se e ouvir o silêncio, sentar e apenas olhar, sorrir, entristecer, endurecer, aquietar-se. Deve ser o que deve ser.



Derreter-se na chama do fogo amarelo. Assim como o sol, essa estrela irradia. Assim como o sol, é comum e não comum ao mesmo tempo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O medo

Nós podemos fazer um trato, você me mostra o que quer e eu te levo aonde você pretende. Nós podemos fazer isso certo. Nós podemos fazer agora, ou depois. Como sempre, queremos deixar pra depois e continuar caminhando. Rumando eu não sei onde. Eu sei que agora o lugar que habitas te faz sentir na pele a vontade de não pertencer a nada, enquanto isso, permaneço eu aqui prostático. Sentir na pele a vontade de não sentí-la.

O cuidado é necessário, pois a alma transcende e vê coisas que o corpo não poderia ver. A sua consciência é minha maior arma, e eu posso acioná-la a qualquer momento. Se fazes promessas a si mesmo, não te enganas porque o que não podes cumprir pra outros pra si não fará diferença. E a suas pernas continuam a se movimentar em compassos quase unidos de semelhança e leveza.

O medo que corrói meus ossos é o mesmo que parte minha mente ao meio e deixa dois lados completamente opostos. Um lado pode conseguir não se importar, embora o outro compense essa habilidade, preocupando-se demais. O medo, estar com medo, sentir medo. Se o poeta diz "tudo passa" deveria eu viver? Deveria eu temer? Deveria eu continuar? Você poderia ocupar tudo que quisesse, mas prefere se perder no salão de aminésia. O medo me corrói, me destrói e mina minha confiança.


"A construção durou dias
Durou semanas, demorou demais


Nosso héroi se retirou, quando havia dois
Ele não pôde escolher, então não havia nenhum


Desgastado no vagamente anunciado

O carrossel fez um som como um trem pelo vale
Enfraquecendo, oh tão quieto mas constante até que passou
Pela cadeia de montanhas distante
Escrito na sua passagem para lhe lembrar onde parar
E quando descer"