sábado, 29 de janeiro de 2011

Wake up Mr Freeman, wake up.

Minha vida passa diante dos meus olhos, o mundo está de cabeça pra baixo, pelo menos para mim está, o sangue escorre pela minha testa, vidros espalhados pelo chão e só consigo escutar o som do vazio, estou sozinho e não há ninguém por perto.
A unica coisa que eu encontrei foi um cigarro, acendi com o fogo que está do lado de fora, eu não sei o que aconteceu, só sei que está escuro, e ninguém pra me escutar, tenho um palpite, mas logo o descarto, não sei o que, o quem o causou, mas aqui estou eu, pronto para ser levado, sinto que já passaram várias horas, mas olho pro meu relógio, com o vidro trincado, e vejo que não passam de minutos.
Algo me prende, não consigo sair, e está escuro, o fogo já se apagou, o cigarro também, alguns segundos e só ouço uma explosão, foi a última coisa que ouvi antes de acordar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Estou andando, mas não vou a lugar algum

Milhares de perguntas surgem, eu espero e espero, e nada de respostas, e ninguém poderá responde-las pois estão todas na minha cabeça, intransferível ao papel, e impossível de dita-las, mas por quê só depois de tanto tempo elas resolveram aparecer? E elas martelam, e machucam, e a profundidade em que chegam é tamanha que eu já não tenho forças pra tentar, "Pare e encare, você começa a imaginar porque está aqui e não lá".

E elas não somem, como tudo no mundo, só o tempo para faze-las sumir, e muito tempo, até mesmo o que eu não quero tentar esquecer, parece que sou obrigado a faze-lo, pois só há duas opções, sofrer nas mãos que não nos merecem, ou sofrer sozinho e esperar que passe, e vai passar, mesmo que queiramos a primeira opção, porque assim somos e gostamos de sofrer nas mãos das pessoas, ou seria na mão de uma pessoa só?

Don't waste your time on me, you're already the voice inside my head.


Aquela sensação que nos atinge quando desperdiçamos nosso tempo em algo que julgávamos valer a pena, sentir ser esmagado aos poucos, pegando cada parte sua, cada pedacinho e triturando mais ainda. Perceber que o que é muito importante pra você, pra outros nem tanto, tentamos tanto segurar o que a gente gosta, pra no final acabar perdendo.
Um tempo em vão, palavras ao vento, porque no final dói mais perceber que tudo que ouviamos agora não faz tanta diferença, ou já não importa mais, mesmo tentando o máximo, fazendo o que podia, abrindo mão de vários caminhos e até seguindo outros, quanto mais alto formos, maior o tombo como dizem, eu ainda estou tentando chegar ao chão.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Não é sobre aquilo, nem isso, aqui nós vamos

Você já esteve num navio? Você quando esteve conseguiu controlá-lo? Nós desviamos tantos icebergs, fizemos muita coisa, mas o vento é assim, as vezes cíclico, as vezes não. Não sei até quando, mas não se preocupe muito com isso, o que há de ser deve ser. Desculpas, é tudo que eu tenho.



Muito mais que o mundo, muito mais que a sua casa, lá vamos nós, eu pedi desculpas.

Eu disse, isso não significa nada.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Decepcione me

Existe muito dentro de uma pessoa só. É difícil tudo sair, é difícil tudo transparecer. Seria bom ser tudo o que se quer ser. Seria bom nunca decepcionar. Seria bom ser capaz. Existe pouco dentro de duas pessoas juntas. Os tijolos vermelhos serão esquecidos junto com todas as coisas, será uma profunda solidão, nada a mais.

Não há caminho pra casa, no entanto estou voltando. Você gosta de ser um pinguim, poderia ser se pudesse. E agora? Talvez eu nasci pra morrer e é só.



If I could be who you wanted all the time

sábado, 22 de janeiro de 2011

Sons

Bem meu amigo, aqui nós estamos. Eu gostaria de olhar pra trás com você, mas talvez já olhamos demais. Eu não sei isso é uma extensão da corda que você usará pra se enforcar, ou usaremos, mas eu preciso continuar segurando-a. Eu queria poder subir todo caminho até onde o ar fosse um pouco mais leve. Eu preciso parar de pensar, eu preciso descansar, preciso ficar quieto, preciso esvaziar-me.

Bem meu amigo, não estou dizendo adeus, nós nunca dissemos adeus, muito embora insistentemente permaneceram dizendo a nós. O que eu posso dizer agora que não seria mais forte que o silêncio? Muito do que nós perdemos alguém ganha. Eu sei que não é bem assim, que nós podemos, que nós vamos, e nós iremos, ah, eu sei, eu posso ver, não parece ter nada que impeça, nem existências.

O texto que nós escrevemos está aqui. Nós escrevemos juntos. Nós Fizemos linhas e mais linhas e quando terminamos nos olhamos, você não estava certo, eu não estava certo, não estaremos certos, nada é real, afinal de contas nada irá durar, então segure-se em mim, quem sabe onde nós iremos parar. Você nunca vai poder entender, não tente, nós podemos apenas respirar. Sons transformam-se em esperança.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu vejo além do que se vê

O quanto nós estamos ficando velhos... A que geração nós pertencemos... Será se é possível eleger só um dia da sua vida como o melhor... Talvez sim, talvez aquele, ou aqueles dois ou três dias foram os melhores possíveis. O melhor sempre de um sentido de completude, onde sentir a melhor sensação de todas, onde a inocência ainda te preserva, onde o mundo não é nada mais do que aqueles que você ergue a cabeça pra enxergar.

Estar ficando velho, o passado se remonta diariamente na cabeça, o presente muitas vezes parece insuportável, o futuro tão remoto que nem vale o pensamento. Ser uma criança e ficar acordado até tarde. Eu não tinha que responder, nem avaliar, nem notar, nem me prestar. Em poucos dias poucas coisas podem mudar muitos dias e muitas coisas. Como você faz pra controlar? Por que nós tentamos tanto controlar-nos? Controlá-los? O pássaro não precisa pensar porque ele é um pássaro.

Eu vejo vocês e me perco nas ilusões, eu vejo o que é, o que foi, eu vejo a morte, eu vejo a vida, vejo todas as formas de olhares, vejo vocês sorrirem, vejo vocês tristes, eu paro e vejo, desejando ao máximo poder parar tudo por só um instante, desejando lançar a âncora desse navio apenas uma vez, assoprando em vão as velas dessa embarcação, eu vejo os marujos trabalharem sem questionar, vejo você remar, eu vejo o remo na minha mão, vejo o mar, ele é infinito, mas nós não podemos pular, não, não podemos nada, nós iremos morrer, então nós estamos aqui, eu vejo vocês beberem e comer, eu vejo os peixes e eles não morrem, eu quero saltar, mas vocês me seguram com olhares, eu vejo então os canhões se preparem, nós iremos batalhar, eu me pergunto porque, mas não consigo falar, minhas mãos estão sujas, eu vejo os buracos, nós não vamos afundar, mas a água me invade, eu salto, vocês estão chorando, eu estou nadando, a frente vejo terra, mas não quero pisar, eu quero voar, então eu nado, eu vejo o atrás, vejo o agora, vejo a frente, eu vejo você.



Fiz zunzum e pronto

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Onde sobreviveria até a morte

Se fosse possível entender tudo o que se passa, ele estaria agora consolidado numa vida normal, alimentaria seus cachorros, daria água às plantas, lavaria o carro, acordaria todos os dias na hora dos pássaros, veria o rio passar, ouviria as vozes que sempre desejou ouvir, não apenas ouvir, mas aquilo o que queria ouvir, não precisaria de energia elétrica, entretanto a usaria, estaria vestido com a roupa mais simples que encontrou, seus cabelos estariam onde sempre estiveram, suas pernas e braços não iriam doer, assim como sua consciência, iria aonde deveria ir, não refletiria além do necessário, estaria em casa, estaria onde quisesse, estaria.

Construir-ia um âmbito onde o deve ser estaria alinhado com o é, seus problemas estariam todos numa estante apenas esperando, não os afogariam, ele estaria repleto de calmaria, seu deus não seria distante, seu desejo não seria sufocante, poderia sentir todos os sentimentos, poderia poder morrer todos os dias, poderia saltar de todos os abismos abstratos, estaria onde o que um dia foi, se foi e onde o que um dia há de ser, será, não se importaria com vírgulas e pontos, muito menos com olhares e nem tão pouco com pensamentos, viveria despreocupado, poderia amar, sem saber o que significa a palavra, sem conhecê-la, sem pensá-la, sem sofrê-la, apenas poderia, da forma mais institiva possível, seria livre, viveria do que se há lá fora, seria de verdade animal.

Aquela com a voz doce, tocante e calma não o cobraria, ele a veria de longe, ele a absorveria, ele a entenderia, ele a tomaria pra si, ele não mais sentiria tantos medos, ele caçaria, ele sobreviveria todos os dias pra poder ser o que é, sem se importar, seria tudo apenas uma questão de ser, de não precisa ser, de não ter que seguir, de não ter que ter, seria tudo simples, natural como é, longe do que foi construído sob bases falsas, seria frio e quente, encontraria seu egocentrismo em unidade com sua companhia, olharia sua face e a tocaria, sentiria sua presença, saberia que tudo o que precisa, ali tem, que pessoas são mais importantes, que as respostas e nem as perguntas mais o incomodariam, saberia que tudo o que escreveu não teria importância de ser lido, avaliado, notado, ele seria vivo, seria ele, seria ela, seria puro, seria comum, seria conjunto, sombra e claridade, calmaria e agitação, voz e silêncio, o olhar e o enxergar.



Estrelas da noite se tornaram um pó profundo