segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O último olhar

Não seria muito excitante se, se bem... se nós pudéssemos talvez por hoje ou por hojes, ou por amanhãs sermos outra pessoa? Provavelmente sim. Mas quem? Ah tanto faz, não é? É bom que seja apenas alguém diferente, com outras histórias, outros medos, outras vontades, outras coisas. Talvez alguém perto do mar, talvez ninguém, quem sabe apenas o vento? Poder ver todos sem se comprometer? Eu ficaria sentado na minha consciência por um tempo se pudesse. Acho que é possível criarmos o jardim dentro de nós mesmos, ou será que não?

Eu vou devagarzinho juntando os pedaços, lentamente montando esse castelo de areia. E não me negue, nós todos fazemos nossos castelos de areia esperando que demore o máximo possível a cair, como prolongar? Aliás, como evitar? Realmente não sei, mas é ainda incrível como o meu sempre parecerá mais frágil, assim como o seu e assim por diante. Escrevo poucas linhas hoje. Acho que tenho vontades demais dentro de mim mesmo, tantas que é possível que se esvaziem rápido demais.

Vou calar a minha boca mais uma vez. Vou trocar de rua mais uma vez. Vou trocar de lado mais uma vez. Vou pensar diferente mais uma vez. Espero encontrar outras falas, outras roupas, espero essa história sair do clichê, mesmo honestamente pedindo bastante em certos momentos que ela se mantenha tão piegas o quanto for possível porque nós todos precisamos de uma dose de previsibilidade, pois é muito bom as vezes saber onde será o próximo lugar onde você vai por o pé. Sim, eu gosto de imaginar. Esse meu baú velho e antigo é frágil, tomemos cuidado. E quanto a ser outra pessoa, bem, acho melhor esquecermos, acho melhor sermos, afinal de contas nada substitui a verdade.

O seu ultimo olhar acabou,
Nas árvores ficou,
As ruas marcou.
Nos olhos levou a certeza que teu mar não morrerá em ti.
Teu mar não morrerá em ti.


Os seus últimos olhares acabaram há tanto...

Um comentário: