Os meus ouvidos nunca estiveram mais abafados. Meu corpo nunca esteve assim. Eu nunca me senti tão acabado. Olho a janela em movimento e mal consigo pensar. Mesmo assim ainda tenho uma lista de regras dentro de mim que por sinal ainda não deixei de cumprir. A minha razão hoje ganhou e pelo visto vai continuar assim por algum tempo, das poucas vezes que eu a esqueci, acabei exatamente como eu estou. Certo, acho que vou voltar ao meu pequeno cubo, acho que vou voltar ao meu pequeno universo. Apesar de que está tudo caindo aos pedaços, eu não dou a mínima pro que vai acontecer, ou pelo menos eu queria não dar.
É como se tivesse que remover cacos de vidro do meu peito, devagar, com força, vontade e muita dor. Eu os coloquei lá, e quando eles me furaram eu estava muito anestesiado pra perceber qualquer coisa. Agora paro e olho minhas mãos sujas de sangue e vejo o quanto ainda tem por vir, o quanto pareceu profundo. Se ao menos eu soubesse como parar tudo isso, se eu não tivesse que obedecer a mim mesmo ou ao mundo. Hoje eu vou usar aquela velha borracha, hoje eu vou ter que abandonar a fumaça, hoje eu preciso apertar o velho botão, nem que seja só em mim mesmo, hoje eu necessito da velha fórmula.
Talvez eu encontre algum dia o que te faz abrir os olhos tanto, talvez não. O ruim é ser um super herói da imaginação. O pior é não poder desistir. Fecho as mãos, olho pra longe, ouço boas palavras, fico quieto enquanto espero a chuva gelada me lavar a alma, enquanto espero o sinal verde, enquanto espero passar. O hoje eu acho que já acabou. O amanhã também. Só tem o ontem, e tá ruim demais. Mas quando eu trancar a porta não pense que é porque gosto de ficar sozinho. Hoje eu tentei juntar os cacos. Espero a hora passar. O tempo não vai parar nunca.
Eu vou embora
Não sei pra onde
Não adianta fingir. Quanto mais vocês sorrirem mais triste eu estarei.
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