segunda-feira, 18 de abril de 2011

Há lá de cá

Estranho garoto esse que ninguém consegue ouvir a voz. Talvez ele tenha problemas sérios, ela disse, mas o resto das pessoas já sabiam que nada mais havia dentro daqueles profundos olhos cinzentos. A sua mochila era pesada e cheirava, cheirava a todas as suas experiências até ali, tinha atravessado a si mesmo durante noites a fio, estava agora a beira do rio negro que grudava suas juntas.

Cheio de promessas e lembranças ele simplesmente não era mais a peça que costumava ser, mais uma noite e pode ser que não se lembrem mais dele. Ele se chamava por um nome que ninguém pudesse achar que estava escrevendo sua própria história. Ele os odiava, mas precisava do ódio pra sentir-se vivo. Ele não tinha coragem.

Que estranho garoto aquele ali sentado, parado, mudo, quieto, os olhos não negam, ele já se foi há muito tempo.

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