terça-feira, 29 de março de 2011

Sua alma

Não há como controlar quando olho. Na verdade seria bom se sentir assim todos os dias, inocente e despreocupado, mesmo enquanto o mundo todo chove ao seu redor. Existe mais que o seu dia começando tarde ou cedo demais, existe mais do que você acha que não conhece, existe muito mais do que os seus olhos, pequenos, miúdos, bonitos e belos que me fitam e tentam descobrir se eu sou quem digo que sou.

Quando para-se por um pequeno instante de questionar, as coisas entram mais em linha. Sabe o que é bonito nisso tudo? Que você nunca escolhe, simplesmente acontece, como se o acaso te escolhesse, te escolhesse pra colocar lá, muito embora essa paz momentânea produzida pela sensação de te ver na minha imaginação ao som de uma música tranquila seja como o pó que não resiste ao mínimo de perturbação. Pudera eu arrancar você de dentro dessa ostra.

Excepcionalmente hoje eu poderia e faria o que fosse preciso pra ver a verdade. Excepcionalmente hoje, você me conheceria. Excepcionalmente hoje eu roubaria você do fundo do mar por uma madrugada qualquer, sairia a estalar as estrelas, contar as canções, fumar as flores e sentir o seu cheiro, não o seu perfume, mas o seu cheiro. Hoje eu estou em paz no meio da confusão de mim mesmo. Hoje eu não tentaria, hoje eu simplesmente acreditaria.

A quem mais ainda tenta extrair do nada o ouro que eu vejo na sua alma.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Um dia

Olha só como é. Um dia você ainda cansa. Um dia ainda aprende. Um dia ainda anota todas as lições e simplesmente não se move mais. Um dia você não vai mais nem acordar. Um dia você não vai entender porque a tendência só vai pra onde você não quer. Um dia você vai chegar a mim. Um dia vai ser um dia. Um dia você vai ter coragem de falar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O poder de ler mentes

Escrevo aqui e agora no auge de toda essa farsa, desses sorrisos que nunca foram roubados e simplesmente oferecidos. Como os sorrisos terminam? Como eles acabam? Não é possível algo bonito terminar de uma forma bela também. Os sorrisos acabam, o que é belo acaba e você acabou de ignorar esse fato simplesmente porque sua cabeça assentiu. Sinto o mundo se distanciar cada vez mais enquanto meus pés estão aqui no chão. E eu continuo a falar pra ninguém.

Por que você está sorrindo? O que vocês estão falando? Como vocês conseguem? Por que? Eu posso morrer, desaparecer, surpreender ou viver? Qual será a nova síndrome que você vai me atribuir, obrigado, e até mais.

Meu sangue não é azul. Sinto muito, meu sangue não tem cor. Meu sangue é negro, ele se perde, sem força na água que é o seu universo.

Prefiro que você leia a minha mente à ter que ler a sua.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Hum

O fogo cairia bem hoje. Desisti de todas as poesias. Desistiram de mim. Eu desisti. Desisto hoje, desisto agora, desistirei, adio e finjo que não consigo. Por que simplesmente não se importar?

quarta-feira, 16 de março de 2011

O retrato

Acho que ele estava certo em dizer aquilo, é uma pena tudo já ter sido feito antes mesmo de eu pensar sobre. Ainda odeio o fato de vocês me controlorem com um simples olhar, eu viro o perseguidor, de vítima passo a assassino, é sempre ruim demais ser deixado pra trás, é sempre ruim demais não conseguir fazer o que quer, deveria fazer, e por aí vai.

Eu, você, eles, inventamos infinitas condições e assim nós seguimos, seguimos aparentemente tranquilos e tudo o que precisamos é imaginar e acreditar no destino. Aceitamos esse fardo, esses ditados, esse modo de agir, toda essa enorme e incansável história de que tudo está escrito, escrito por quem? Só uma vez as mentes normais se tornariam insanas.

Me resguardo aqui enquanto peço uma chance secretamente de ser o retrato.

domingo, 13 de março de 2011

Mais uma vez

Nós definitivamente somos atores esperando pelas nossas próximas cenas. Tudo que nós queremos é a nossa chance de aparecer, embora um dia tenham dito que seremos cortados desse filme, ele não vai acabar, mas vamos simplesmente desaparecer, porque o filme nunca acaba. Nós definitivamente não sabemos como atuar então seguimos como figurantes nesse pedaço de merda de história.

Você sorri achando que tudo é a imitação do que vive, mas quem te garante isso? Nós definitivamente seremos cortados um dia e isso não será bom. A azia que me cutuca não é o bastante pra eu parar de divagar sobre absolutamente nada. Nós só queríamos atuar de maneira diferente, original, mas o diretor que nós não conhecemos sempre repete as histórias. Porcaria o clichê sempre nos vence.

Ele mais um vez venceu.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Velhos demais pra voltar atrás

Estamos ficando velhos e é só. Quando eu vou desistir disso? Não sei. O estranho é ainda ter ou achar ter o que falar, escrever, citar, ditar. Nós sentimos muito, mas não conseguimos ser o que vocês mais desejaram enquanto os seus venenos nos encharcavam de tudo que há de mais ruim e impuro, de toda a desconfiança, medo, temor que não deveria estar aqui.

Sinto falta de nós mesmos em alguns momentos enquanto a fumaça rega tudo aquilo que nós achamos ser legal demais, diferente demais, enquanto o mundo vai e nós ficamos, enquanto permanecemos estáticos, se questionando, tentando ao mesmo tempo responder, tentando ser algo mais que fantoches, mas nós terminamos sentados, sem música, sem luz, sem nada, apenas com nossas mesmas faces encaradas no reflexo do outro.

Estamos ficando velhos e tudo o que nós fizemos já foi feito. Estamos envelhecendo e tudo o que não fizemos não parece possível de se fazer. Estamos chegando ao momento em que tudo não se move e o nada começa a fazer sentido.

Estamos ficando velhos e é só.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu achei que tinha visto

Você me fez fumar 2 cigarros, eu não ouvi o desabafo de ninguém, nem muito menos uma palavra sequer, apenas algumas reclamações inúteis sobre o fato de alguns dias não terem sentido. Acho que a sua mente se vai ao deixar as palavras saírem, você pode ser seu próprio glóbulo branco de pensamentos inoportunos, os que te perseguem. Eu não diria que estou confuso, mas também não diria que sei realmente o que quero. O mais certo é deixar.

Algumas coisas me deixam atônito ao pensar nas chances, no quão eu não pude ter feito aquilo, no fato de eu achar que estar decepcionado é ter tentado. Incrível é ainda ter o que escrever sempre, é surpreendente se achar o centro do universo, mas isso talvez mesmo que contraditório é um mecanismo de defesa, estejamos no centro protegido de todos os problemas externos, indefesos contra os próprios demônios.

Eu queria que você me dissesse porque existem tantas desculpas, eu queria ouvir o que eu não espero as vezes, também queria que tudo parasse de ser assim, determinado, preditado, nós somos livres teoricamente, que exercício temos disso? Estanho é tentar, tentar e não sair nada, merda se a única chance de se sentir vivo parece tão longe, como é que alguém pode viver até lá? As coisas são escolhidas da pior forma a alguns olhares momentâneos.

Que queimem as fotos.

domingo, 6 de março de 2011

I miss the last bus, you take the next train, I try but you see it's hard to explain.

Parece que somos sempre esquecidos, esquecemos de nós mesmos, e mesmo quando não precisamos de ajuda, as pessoas fazem isso por nós, esquecem de mim...
Que coisa estranha, esquecer de compromissos, de retornar aquela ligação, de mandar a mensagem, a única coisa que podiamos esquecer era de nós mesmos, nunca dos outros, e esse texto fica aqui, pra ser esquecido, e por eu esquecer o que dizer.

sábado, 5 de março de 2011

Eu já vou

Tais cenas por coisas de que me arrependo.

A gente fala tanto de mudança, de querer mudar quando acha que algo não está certo que as vezes para pra sonhar com um mundo onde tudo não tinha mudado, e na maioria do tempo prefere a segurança e o conforto daquilo que tá ali, por muito tempo, sem problemas, tá certo, tá ok, pois é. Você pode até pensar que está fazendo algo diferente, mas se parar dois segundos pra ouvir, vai ver que está repetindo a história, assim como todos os outros. Isso é triste.

Seria bom de verdade poder mudar, o bom da mudança é que ela é irreversível, ou devia ser, ela tem que ser feita, o comum, o ordinário, o que é da rotina não compensa, não força a mente, não te traz nada. Querer muito dizer o que sente é como tentar mudar-se ou mudar alguém, é difícil. Eu ouvi você dizer que não estava fazendo nada, todo mundo sabe identificar expressões faciais, sons, ou pelo menos acha que sabe, é aí que as conclusões surgem e você para numa sargeta sem nem saber o motivo.

Talvez de verdade o que queira é só não querer. Porque é aí que estaria tudo ok. Ok é bom. Eu sou tão longe do normal que me atormento por não poder me expressar de verdade, ver o mundo inteiro e se sentir fora dele, é definitivamente como ser um animal fora do seu habitat, mas como esse animal vai encontrar o seu habitat se ele nunca nem o conheceu uma só vez? Droga, eu estou perdendo as palavras de novo, eu só queria poder ser de verdade um livro aberto, um belo livro, não feliz, nem perfeito, nem bem escrito, apenas o que é...



Você fala demais. Eu não me importo, eu escutaria se você me curasse agora.