- O que houve? Não era pra você está lá?
Ele olha pra mim e apenas sai. Seus passos são arrastados, como se ele levasse junto de si uma manada de elefantes. Ouço o barulho do isqueiro. Ele acende um cigarro. Pergunto:
- Está tudo bem?
Ele continua a fumar e finalmente fala:
- Ainda não, mas eu sei que vai ficar.
Ele se senta no sofá, liga a tv. Está passando MTV. Seu clipe. Não tão empolgado ele larga a TV enquanto prepara suas outras coisas. Um lápis, um papel, uma caixa, uma toalha, uma arma. Mais uma vez pergunto:
- Onde você vai?
- Onde você vai?
Ele responde:
- Pra longe, bem longe.
- Mas e quanto a nós? Vai nos deixar órfãos?
- O problema é que vocês já não sabem mais o que eu quero lhes dizer, então eu tento procurar uma nova forma de dizer e hoje, hoje eu encontrei.
Confuso, vejo ele passar pela porta em direção a um pequeno casebre, ouço o som do riscar do papel.
"Eu estarei no seu altar". Tais palavras sussurradas e escapadas param no meu ouvido. Ouço um empacto. Pronto. O que era mortal. Se foi. O que era passageiro. Ficou. Agora não esquecerei mais.
Vou até lá e olho pra ele no chão. Ainda posso ver o seu rosto indo embora dizendo:
"Eu a amava demais"
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