Ele está se levantando agora e olha pro lado. A janela está molhada. Os pingos sobre a janela fazem sons que ele adora ouvir. Ela está deitada por debaixo dos lençóis enquanto ele a observa. Sua pele clara está um tanto pálida refletida pela manhã chuvosa que faz.
Olhando ao redor é possível perceber as roupas que foram jogadas lá, elas não serão nunca mais vestidas. Ele volta o seu olhar ao sono profundo da sua querida. Começa a sentir com o tato a forma do rosto dela, enquanto sente o calor minúsculo da respiração.
De alguma forma ele não sabe como conseguiu chegar até ali, mas ele sabe que depois daquela noite nada mais será o mesmo. Se levanta. Desce. Começa a caminhar pela praia. De repente ele avista um carrinho de algodão doce. Avista pessoas jogando bola. Mas elas sempre estiveram lá, o que houve agora? Então eis que a percepção chega, "Agora sou pai". E dentro da sua imensidão completa ele esboça um sorriso e volta pra onde estava, mas quando ele entra no quarto quem está deitada não é mais aquela garota jovem que costumava dormir com uma expressão de alívio. Agora é alguém cansada, com uma expressão de que precisa de um tempo pra si.
Mais outra percepção chega além de ser pai, ele agora é um marido ausente, que parece ter esquecido o que está guardado no seu quarto de trás. Suas mãos estão frias. Sua mente agora está tomando um rumo distante. Tudo o que ele está tentando pensar é em como o plano de orgulhar a quem o teve em mãos o tornou tão obsessivo por si mesmo.
Não tente viver sua vida pra construir um futuro só pra orgulhar tanto a quem te fez, viva pra construir seu presente. A vida normalmente é tão curta pra nós desvalorizarmos as pessoas, pra não percebemos que o que vale mais é quem pode estar ao nosso lado do que outras coisas que nos parecem futuro, mas só são planos adiados.
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