Foi apenas um sonho.

Ele sonha enquanto dorme essa noite, ou melhor, nessa manhã enquanto enrolava pra acordar de verdade. E foi sobre ela. Nele os dois eram apenas amigos e acontecia o que um dia ele havia pensado que aconteceria, sua mãe e a dela seriam amigas, então elas iriam se visitar e consequentemente ela viria.

No sonho ele estava escrevendo enquanto ela chegava sem ele notar e então fazia uma brincadeira das suas. Quando se virava sorrindo era o rosto dela que o encontrara, sentada na sua cama, sorrindo e o olhando. Então conversaram e foram pra rua andar e se divertir com coisas bobas. Mas aí uma hora ela o chamava pro outro lado da rua, e com um ar um pouco sério, por alguma brincadeira sua, ou algo do tipo. Concentrada lhe dizia que os dois eram apenas amigos, não mais o que costumavam ser.

Já um pouco desanimado, eles vão andando mais um pouco, encontram seu amigo e mais alguns, e ele inicia uma conversa. Quando se vira pra olhar pra trás ela estava andando de uma forma engraçada, com os braços levantados, como se fosse voar, como costumava fazer. Ela estava toda de branco, de short e havainas, e estava ficando tarde, ia andando e seus cabelos balançando e ele falando pra si mesmo, o quão era linda, refletindo enquanto a penumbra a tomava pra si.

Eis que um dos seus amigos lhe chama atenção. Conversa um pouco com eles e depois se vira e ela já não estava lá. Vai voltando pra casa, entra no seu quarto, já desanimado. Olha pro seu monitor ligado com uma mensagem que dizia:

"Tive que ir Bocha.

Amo"

Ele não tinha ideia do que significava bocha, mas era do que ela o tinha chamado. Ele indaga alguém e tem uma certeza dolorida. De repente começa a sentir uma dor imensa, uma angústia. Acorda. A dor parcialmente não existe, a angústia também não. Mas o sonho, a imaginação vão permanecer ali por um certo tempo. Dá um sorriso leve ao lembrar da face no sonho olhando pra ele de forma séria. Se levanta pra escrever, conversar com um amigo, tentar se distrair.
Enquanto se mantém ouvindo.